#147 - A lenda chamada El Profesor

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por Lívio Angelim | qui, 16/01/2014 - 23:02
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Sem apito e sem prancheta. Longe de teorias e teoremas táticos. El Profesor não foi bicampeão mundial como o italiano Vittorio Pozzo. Ou disputou e venceu tantos jogos quanto o alemão Helmut Schön. Nem o mais jovem treinador, tão pouco o mais velho. O mal-acostumado uruguaio Alberto Supicci simplesmente não conheceu mais nada senão vitórias em Copa do Mundo.

Quase meio século depois da Guerra contra Oribes e Rosas e da batalha no Monte Caseros – travada, no Uruguai, entre Brasil e Argentina –, nascia Alberto Supicci. Em 1982, na pequena Colônia de Sacramento, de cara virada para Buenos Aires, mas separados pelo Rio da Prata. O garoto ainda via os traços dos confrontos e havia aprendido que os duelos são vencidos através de ataques.

Alberto Supicci até tentou jogar futebol, era um meia-esquerda. Entretanto, a genialidade do uruguaio coloniense não estava nas pernas, como do compatriota montevideano Héctor Scarone. Supicci era melhor como líder. Não demorou para se tornar o treinador do Uruguai.Técnico Alberto Supicci, conhecido como El Profesor. Foto: El Grafico/Wikimedia Commons

Supicci tinha sob comando uma seleção de calibre. Bicampeã dos Jogos Olímpicos (1924 e 1928). Precisava apenas de poder de fogo e coragem para não deixar escapar o título da primeira Copa do Mundo, e em casa.

Na estreia do Mundial, diante do Peru, em  18 de julho de 1930, o Uruguai esbarrou no paredão chamado Pardón – nome, no mínimo, irônico. Os mandantes da Copa do Mundo entraram em campo no Estádio Centenário – com as obras ainda inacabadas – com direito a desfile de bandeiras e às presenças dos presidentes Jules Rimet (Fifa) e o uruguaio Juan Campisteguy. A Celeste sofreu, suou e demorou 60 minutos para balançar as redes. Castro marcou o único gol da vitória por 1x0.

O Uruguai precisava de mais ofensividade. No duelo seguinte, El Profesor a encontrou em Scarone, atleta mais velho do grupo e bastante criticado pela imprensa local. Atacante e técnico calaram as reclamações ainda no primeiro tempo da partida contra a Romênia, que havia vencido o Peru por 3x1. Aos 7, gol  de Dorado. Scarone ampliou aos 24. Anselmo dilatou a diferença aos  30. Cinco minutos depois, Cea fechou a goleada por 4x0. O segundo tempo foi apenas um passeio de qualidade e brincadeiras.

Não dava mais para segurar o Uruguai. Na partida seguinte, nas semifinais venceu a Iugoslávia por 6x1, com três gols de Cea. Na final, diante da eterna rival Argentina, Alberto Supicci teve o maior desafio. Superado com um 4x2 e de virada no Estádio Centenário, de Montevidéu, e aos olhos de 70 mil pessoas.

Em 1932, El Profesor abandonou o comando da seleção uruguaia – que dois anos depois rejeitou o convito para o Mundial da França como boicote, já que os europeus havia se negada a viajar à América do Sul na edição anterior. Alberto Supicci ainda viu sua pátria desdenhar o torneio em 1938. Quando voltou à disputa, em 1950, no Brasil, o Uruguai até chegou a empatar com a Espanha por 2x2, mas sobre os cuidados do técnico Juan Lopez.

El Profesor foi o único técnico que venceu todos os jogos disputados em uma Copa do Mundo. Dirão, “mas foram apenas quatro jogos”. Quatro vitórias, três elásticas! Talvez, resmungarão que a seleção era muito boa. A própria imprensa uruguaia reclamava do time. Fato é que Alberto Supicci foi o único treinador com 100% de aproveitamento. Hoje, dá nome ao tímido Estádio Profesor Alberto Suppici com capacidade para 9 mil pessoas, em Colonia de Sacramento.

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