Protesto de servidores da UFPE marcado por confusões

Houve tentativa de furo dos bloqueios, acusação de atropelamento e estudante que quase brigou de fato com protestantes

por Nathan Santos qua, 22/08/2012 - 13:41
Nathan Santos/LeiaJáImagens Servidores quase brigaram com estudante Nathan Santos/LeiaJáImagens

Muita confusão, acusação de tentativa de atropelamento, servidores públicos reivindicando melhorias em suas carreiras. Tudo isso aconteceu na manhã desta quarta-feira (22), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no bairro da Cidade Universitária, Recife.

Aproximadamente cem técnicos administrativos em greve da UFPE fecharam as entradas do campus para a passagem de automóveis, na intenção de alertar a sociedade que a greve segue forte e que os rumores que as atividades voltarão ao normal na universidade não procedem. Entre as reivindicações, os servidores pedem 22,8% de reajuste salarial. O Governo Federal sugeriu um reajuste em torno de 15% parcelado em três vezes, que a categoria não aceitou.

Por causa dos bloqueios nas entradas, o trânsito ficou complicado nas proximidades da universidade. Os técnicos impediram a passagem com cavaletes, pneus, ferros pontiagudos, e até uma espécie de carroça. Quem tentava entrar de carro, teve que estacionar nos arredores da UFPE.

De acordo com o coordenador de comunicação e imprensa do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais de Pernambuco (Sintufepe), Guilherme Costa Neto, “o direito de ir e vir das pessoas está garantido e quem quiser pode entrar na UFPE à pé”, comentou o coordenador. Ele também explicou que ato serviu para mostrar a sociedade que a paralisação será mantida e não existe previsão de retorno às atividades.

Confusões



Algumas pessoas discutiram com os servidores para passar pelos bloqueios. Simone Mendonça, que é pesquisadora do CNPq, desde o início da manhã ficou com o carro parado próximo ao bloqueio na intenção de passar, e, por várias vezes, discutiu com os servidores. Apesar de não ser contra a greve, ela criticou os bloqueios. “Sou contra essa violência. Eles estão prejudicando a sociedade. Aqui não é proibido entrar de carro”, reclamou Simone.

Também no começo da manhã, um estudante que não quis se identificar quase chegou a brigar com alguns servidores. Ele gritou que o bloqueio estava atrapalhando até a passagem de ambulâncias e o grupo grevista o repudiou com gritos e dizeres contra o rapaz.

Apenas conseguiram passar ônibus que levavam crianças para eventos na UFPE, bem como automóveis em situação de urgência. Porém, algumas crianças tiveram que descer dos ônibus com os professores na BR-101 para conseguirem entrar na universidade. No final da manhã, de acordo com acusações de alguns técnicos, o professor de neurologia da UFPE, Otávio Lins, tentou furar o bloqueio e atropelou alguns servidores, todavia, não houve ferimentos graves. 

“Ele jogou o carro em nós. Alguns colegas tentaram segurar o carro na tentativa de deter o veículo. Minha amiga ainda chegou a cair”, declarou a técnica administrativa Regina Maia. “Nós estamos exercendo o nosso direito de greve e não podemos sofrer violência”, finalizou Regina.

O professor Otávio Lins rebateu as denúncias e acusou os servidores de terroristas. “Eu concordo com o direito de greve, mas o que eles estão fazendo não é um ato democrático. Isso é uma pressão psicológica, é um terrorismo”, disse Lins. “Eu não tentei furar o bloqueio, eu apenas fui falar com a polícia para nos ajudar e eles não fizeram nada. Também não atropelei ninguém”, declarou.

De acordo com o Sintufepe, ainda não há previsão de quando as vias de acesso à UFPE serão abertas para a entrada de veículos.

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