Mãe desclassifica filha no Enem em Sorocaba-SP
A mãe que denunciou a filha por pedir ajuda pelo celular para fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), domingo (4), em Sorocaba (SP), disse nesta segunda-feira (5) que não se arrepende. "Eu não queria, de forma alguma, prejudicar a minha filha, mas eu não acho certo o que ela fez", justificou. Durante mais de uma hora, Maria Lúcia Diniz Abdalla e a filha trocaram mensagens enquanto a garota fazia a prova. Embora tivesse feito menção de ajudá-la, a mãe procurou os responsáveis pela aplicação do exame e alertou sobre a irregularidade cometida pela filha. A garota de 17 anos, que fazia a prova como treineira, foi localizada e eliminada.
A mãe acredita que a falha maior foi da organização que permitiu a entrada da filha com o celular na classe. "Minha filha não estava concorrendo para valer, mas outras pessoas podem ter usado o mesmo expediente para se favorecer em prejuízo dos demais concorrentes". Ela contou que outra filha fez a prova do Enem, não usou o celular e poderia ser prejudicada. Enquanto falava com a filha treineira, Maria Lúcia decidiu ir até o local da prova, na Universidade de Sorocaba, para alertar os fiscais.
A estudante fez o primeiro contato com a mãe, por meio de mensagem ao celular, às 14h11. Ela passou um endereço de internet citado numa das questões de português e pediu à mãe que fizesse o acesso para ajudá-la na resposta. Também perguntou o significado de mediana, em matemática, e citou o tema da redação. Num dos trechos da conversa virtual, que seguiu até as 15h06, a mãe afirma: "Vou te ajudar a conseguir uma nota boa". A filha responde: "Vou mandar o site de port (português) e o começo da pergunta". A seguir, a jovem posta: "Arquipélagos pt a pintura e o poema". A mãe responde: "A tia cris vai te ajudar, fique aí".
A organização do Enem informou que os candidatos eram orientados a depositar aparelhos eletrônicos em sacos plásticos que eram lacrados e guardados sob a carteira, podendo ser resgatados somente ao término da prova. Após a denúncia da mãe, um rastreador foi utilizado para localizar o equipamento ativo. Os organizadores não explicaram como a garota conseguiu ficar mais de uma hora com o celular em uso. No sábado (3), um candidato havia sido desclassificado por ter postado na internet uma foto da prova. Representantes do Ministério da Educação informaram que eventuais falhas na fiscalização serão apuradas.