Novos pesos da UFPE dividem opiniões de professores
Alteração no curso de medicina do Campus Agreste, em Caruaru, foi a mais comentada pela redução do peso de matemática e aumento de redação e Ciências Humanas
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou os novos pesos e notas mínimas para a seleção de alunos através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ao todo, 22 cursos de todos os campi da instituição de ensino tiveram alterações, uma delas no curso de medicina do Campus Agreste, em Caruaru, em que o peso de matemática foi diminuído e o das provas de linguagens, redação e Ciências Humanas foi elevado. Medicina na unidade Recife não teve alterações.
O LeiaJá entrevistou professores de cursos preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para saber o que eles acharam da mudança e como as alterações devem impactar a concorrência pelas vagas, o perfil dos alunos da universidade e a vida dos candidatos que estão buscando uma vaga na UFPE.
Matemática como base das Ciências da Natureza
Para o professor de matemática Marconi Sousa, que dá aulas no Conexão Vestibulares e no Centro de Estudos Renato Saraiva, a mudança nos pesos do curso de medicina é negativa por deixar a prova de matemática com um peso menor que redação e Ciências Humanas. “Não estou desmerecendo as Ciências Humanas, mas matemática tem uma quantidade de questões maior no Enem. Os alunos que querem cursar medicina precisam saber bem as matérias de Ciências da Natureza, que têm o conhecimento da matemática como base”, diz o professor, que também destaca que as provas de Linguagens, Ciências Humanas e redação têm, juntas, peso seis, enquanto matemática e Ciências da Natureza têm peso quatro para o aluno que deseja cursar medicina na UFPE em Caruaru. Marconi também salienta que os alunos que buscam a aprovação devem estar bem preparados em todas as áreas do conhecimento.
"Essa mudança tende ao equilíbrio"
O professor Artur Barbosa, que dá aulas de biologia no curso Esquadrão e no Grupo Essencial de Aprovação, tem uma visão diferente. Ele concorda que medicina no Campus Agreste teve a mudança mais significativa, mas acredita que o aumento dos pesos de áreas como redação e Ciências Humanas junto à redução do peso de matemática não causa prejuízo e sim equilíbrio aos pesos do curso de medicina, além de melhorar o nível do alunado da universidade através da seleção de alunos que têm mais conhecimento de várias áreas. “Eu concordo com isso, porque alguns cursos pegam alunos que não passaram na sua primeira escolha e tentam outro curso, então essa medida melhora o nível dos estudantes. Sobre o curso de medicina, existe uma tendência de eles valorizarem as áreas de natureza e humanas. Acho que essa mudança tende a um equilíbrio, buscando alunos que estejam bem em todas as áreas ao fortalecer também os pesos de outras áreas e pegando alunos que não sejam bons apenas em química, física e matemática”, opina o docente.
"Dois pesos e duas medidas"
O professor de matemática Darlan Moutinho dá aulas na Universidade de Pernambuco (UPE) e no curso de português Fernanda Pessoa. Ele afirma que a mudança no peso de Ciências Humanas já era esperada por ser uma demanda de alunos do Diretório Acadêmico do curso de Medicina do Campus Agreste. No entanto, ele acha que o peso de matemática deveria ter sido mantido no mesmo valor que o do Campus Recife.
“Essa mudança era aguardada, pois os alunos do Agreste queriam um curso mais humanizado. No entanto, o tamanho da prova de matemática me faz achar esse peso pequeno. É uma prova grande, de 45 questões, então o valor de referência dela continua alto”, diz o professor.
Darlan também comentou a decisão da UFPE de deixar o curso de medicina com pesos diferentes em cada campus, o que para ele é um ponto negativo. “Se você olhar de forma crítica soa estranho a mesma universidade, o mesmo curso, adotando dois pesos e duas medidas para as notas em cada campus. Para mim, se era para mudar, que fosse nos dois campi e não apenas no Agreste”.
Humanização e valorização da escrita
A professora de português, literatura e redação Fernanda Pessoa dá aulas no curso preparatório que leva o seu nome e acha que a mudança mais significativa foi o curso de medicina de Caruaru. Para ela, a mudança foi positiva, pois elevou o peso das Ciências Humanas e de redação, fazendo com que a universidade selecione alunos que escrevam e se comunicam bem
“Na minha opinião, a mudança não tira a importância de matemática, que ainda tem uma prova com um grande número de questões no Enem, e o aluno vai entrar mais preparado, mais bem instruído. Foi um aumento muito importante para aumentar a qualidade de escrita do aluno que entra na faculdade e traz mais humanização para os futuros médicos que teremos, o que já é uma demanda do Diretório Acadêmico de Caruaru desde que o curso foi criado”, explica Fernanda.