Ainda dá tempo de cumprir as metas profissionais para 2019

Para tirar os planos do papel, os profissionais precisam estar motivados e ter consciência de que o que desejam é possível ser alcançado com as próprias pernas

por Marcele Lima qui, 04/07/2019 - 16:25
Pixabay Para cumprir os planejamentos para carreira é preciso motivação Pixabay

Já passamos da metade de 2019. Para muitos, o cansaço já começa a ser sentido, sobretudo em relação aos objetivos traçados para o ano novo. Nessa altura do campeonato, há quem não tenha tirado as metas do papel e quando fala-se da vida profissional, a situação pode ser até pior. Muita gente lá no dia primeiro de janeiro planejava mudar de profissão, conquistar um aumento, uma promoção, arrumar um emprego, mas vê-se estagnado. Isso pode contribuir ainda mais para o desgaste, sentido no corpo e também no psicológico. 

Para ajudar quem está insatisfeito, o LeiaJá conversou com especialistas em planejamento de carreira para tentar entender um pouco o que pode ser feito para aproveitar ao máximo o tempo que se tem até 31 de dezembro e, principalmente, cumprir as promessas feitas para si mesmo. 

Segundo a professora de MBA e coordenadora de cursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV),  Anna Cherubina Scofano, antes de tudo é necessário saber o quer. “As pessoas só podem definir uma meta a partir do momento que elas conseguem identificar, primeiramente, aquilo que elas têm como talento e como objetivo de carreira. As pessoas não conseguem identificar uma meta se elas não têm clareza daquilo que elas vão dar prioridade nas suas carreiras”, afirma.

Com os pontos definidos, é hora da autoanálise: será que há dedicação efetiva para o cumprimento dos próprios desejos? Entre os fatores problematizadores de resultados negativos estão a má administração do tempo para investir no cumprimento das propostas ou até a falta de recursos financeiros para realizar determinadas atividades. “Precisa identificar qual foi o fator para poder trabalhar. Pode ser por exemplo que um dos fatores tenha sido zona de conforto, deixar para amanhã, procrastinar. Então, as pessoas precisam administrar melhor os seus objetivos porque se elas não tiverem uma ação em prol deles não adianta ter no papel. O papel não significa nada se eu não tiver uma ação proativa na busca daquilo”, explica Anna Cherubina. 

Um dos erros de quem costuma fazer uma lista de propósitos é pontuar ideais maiores do que os possíveis de alcançar. Não é proibido sonhar, mas quem quer sair do imaginário para vida real, tem que pôr os pés no chão. Talvez não dependa somente dela, mas da percepção de outras pessoas, como do gestor, por exemplo. “A primeira coisa que ela tem que fazer é buscar um feedback. A partir desse feedback elas vão começar, talvez, a ter um plano de ação mais realista. Às vezes as pessoas criam a expectativa de serem promovidas, mas naquela empresa elas não vão conseguir isso, porque a empresa não tem uma característica de meritocracia, não reconhece os talentos internos. Então tem que identificar onde estão os problemas, se o problema está na geração de expectativa ou está no não reconhecimento do outro”, orienta a professora da FGV.  

A motivação é um fator relevante na vida profissional das pessoas. Para o presidente da Federação Internacional de Desenvolvimento Humano, Nilton Costa, existem aquelas pessoas que têm um sonho e até sabem quais ações priorizar para conseguir realizá-los, no entanto, pecam nas escolhas. A dica do presidente é que os profissionais façam planejamentos de carreira unindo também àquilo que lhes motiva como seres humanos. “Qual é o link que a minha vida pessoal possui com minha vida profissional? Se não existe nenhum link fica muito mais fácil da gente se desmotivar. Tendo esse nível de consciência, fica mais fácil conseguir os objetivos”, diz. 

Um incentivo a não desistir é realizar um acompanhamento dos projetos. Não escrever em algum lugar e deixar largado na gaveta. Mensalmente, ou até quinzenalmente, pode-se acessar as anotações e ver o que mudou até ali. Caso esteja girando sem sair do lugar, a sugestão é mudar a estratégia, mas voltar ao caminho desejado e comemorar a cada pequena vitória, porque isto significa que os passos importantes para terminar o ano realizado estão sendo dados.  

Recomeço

De acordo com Nilton Costa, quem for refazer as metas para o segundo semestre deve fugir da subjetividade e focar em alvos atingíveis, capazes de serem alçados com recursos próprios, ligados aos valores pessoais. Além disso, segundo ele, o estabelecimento de prazos é fundamental. “Muito importante que eu tenha marcos mensuráveis, para saber se eu estou indo bem, se posso modificar minha estratégia e garantir que no final do semestre eu tenha tido sucesso. O ser humano funciona com cobrança. A gente tem tantos desafios e acaba deixando para depois o que é importante e, geralmente, o que é importante tem prazo”, conclui o presidente da FIDH.

Nunca é tarde para mudar de ideia em relação a algo. Como já foi dito, a autoanálise permite que decisões sejam tomadas visando fugir da frustração profissional, que acaba afetando outras áreas da vida. Se o plano é mudar de emprego, de carreira, por que não aproveitar que esta é a época de matrículas nas instituições de ensino superiores, escolas de idiomas e cursos técnicos, e dar esse primeiro passo? Mesmo para quem não tem como investir em uma formação, pode recorrer a cursos gratuitos. Na internet é possível encontrar diversas plataformas com conteúdos de todos os tipos, se não de graça, com preços acessíveis, com opções de parcelamentos e que podem alinhar-se com o tempo livre. 

“Por que que a gente só pode fazer planos e criar metas na virada do ano? Por que eu não posso fazer isso a partir do meio do ano, começar o meu ano novo em julho? em agosto? O ano novo é determinado pelo estado de espírito também. Sempre é tempo de virar, sempre é tempo de se reencontrar, de se revisar, ressignificar. Em qualquer fase da vida é possível tudo. O aprender nunca é demais. Assim como você não joga um aprendizado de uma vida no lixo. Ele vai ser sempre útil em algum lugar. O recomeçar muitas vezes é o oxigênio que as pessoas precisam para olhar para carreira de maneira diferente”, finaliza a professora de MBA e coordenadora de cursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV),  Anna Cherubina Scofano. 

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