O que explica o crescimento do EAD no Brasil?

Especialistas apontam razões que justificam o aumento da procura por cursos EAD no País, segundo dados divulgados do Censo da Educação Superior, divulgados pelo Inep

por Francine Nascimento dom, 29/09/2019 - 08:03
Pixabay Vagas no ensino a distancia superam as presenciais em 51% Pixabay

Desde a última atualização da regulamentação da educação a distância no Brasil, por meio do decreto nº 9.057/2017, os números de vagas e ingressos na modalidade Ensino a Distância (EAD) vêm alcançando índices cada vez maiores no que diz respeito ao ensino superior. De acordo com último Censo da Educação Superior no Brasil, referente ao ano de 2018, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), das 13,5 milhões de vagas oferecidas, 7,1 milhões foram para os cursos EAD.

Esta é a primeira vez na história que o ensino nesta modalidade supera as vagas presenciais. Especialistas indicam que o crescimento reflete os novos conceitos da educação na modernidade. No mesmo período, o oferecimento de cursos também teve um salto de 50% em comparação ao ano de 2017. Dentre as formações mais disputadas, pedagogia está em primeiro lugar, tanto nas instituições privadas quanto nas públicas.

O Censo na prática

Dayanna Ximenes, gerente acadêmica do grupo Ser Educacional, explica que o motivo principal do progresso nos cursos de graduação a distância. Segundo ela, os alunos estão cada vez mais procurando uma metodologia que seja mais acessível, tanto partindo da perspectiva financeira quanto de tempo. “As vagas em EAD estão sendo ampliadas porque a gente sabe que a tendência do aluno hoje é procurar uma maneira mais acessível para estudar. O cursos EAD têm um custo mais baixo e oferecem mais flexibilidade de horários e de tempo. Então, o EAD atrai muito o estudante para esse tipo de metodologia, que de fato é uma metodologia que vem dando certo”, avalia. Além dos pontos financeiros e de flexibilidade de tempo, Dayanna coloca que a credibilidade do curso EAD, sendo reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), é um diferencial para a escolha do estudante.

Nas universidades privadas é onde estão concentradas a maior oferta de graduação EAD. São mais de 7 milhões de vagas, incluindo as de programas especiais e remanescentes. Ainda segundo Dayanna, a UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau concede 50 cursos de graduação a distância, nos quais os que têm mais matrículas são os de farmácia, engenharias e arquitetura. “Mesmo sendo mais práticos, esses cursos têm tido um crescimento maior do que os demais. A qualidade que é oferecida no ensino é fundamental para manter o estudante no curso”, acrescenta.

Um outro curso a distância que está dentre as opções na UNINASSAU é o de marketing, em que o estudante Felix Bento, 33, estuda. O graduando que está no quarto e último período do curso e considera que a modalidade EAD não é muito diferente da presencial, exceto pela metodologia. De acordo com o rapaz, o tipo de estudo vem proporcionando-lhe uma maior capacidade de análise crítica. “Estudando a distância, eu me torno um estudante com uma postura mais ativa, ou seja, eu mesmo sou o responsável por buscar os conteúdos e absorvê-los. Esse fator eu vejo como um diferencial para que eu possa me tornar um profissional mais qualificado. Além de que, com o EAD, eu posso organizar a minha programação e conciliar os estudos com o meu trabalho”, analisa. 

O número de ingressantes em 2018 também é destaque do Censo que revelou um aumento de 7% com relação ao ano anterior. Ou seja, mais de 3 milhões de alunos que podem ter o perfil de Felix começaram a estudar a distância. No modelo presencial, contudo, nos últimos 5 anos, os ingressos nos cursos de graduação diminuíram 13%.

Mais de 90 instituições públicas ofertam hoje cursos a distância no país, inclusive as do Estado de Pernambuco. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) conta com cinco cursos EAD, sendo os de ciências contábeis e letras os mais procurados. Fábio de Souza, que responde pelos cursos EAD na UFPE, diz que os cursos possibilitam que os estudantes oriundos dos municípios do interior possam cursar a graduação. As oportunidades estão espalhadas em 18 polos de apoio, do Litoral ao Sertão.

Assim como Dayanna, Fábio acredita que a adaptação do tempo ao modelo de ensino a distância facilita na dedicação do aluno ao curso. “O estudante vai adaptar o seu tempo para que ele possa se dedicar ao curso, o que permite, por exemplo, que ele consiga trabalhar e realizar outras atividades no seu tempo livre. Outro fator é a oportunidade de estudar mesmo estando em outra cidade, o que possivelmente eles não conseguiriam ter acesso da forma presencial”, completa.

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