O que já se sabe sobre o erro nas notas do Enem

Confira um resumo sobre todo o caso dos gabaritos trocados e erros de leitura da gráfica Valid e o que ainda falta ser esclarecido

por Lara Tôrres seg, 20/01/2020 - 16:11
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo . Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

Diante das queixas de participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, no último sábado (18) o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, e o ministro da Educação, Abraham Weintraub, admitiram erros na correção das provas. De acordo com o ministro, a inconsistência foi causada por um erro na transmissão de informações por parte da gráfica Valid, contratada em 2019. 

Assim, os estudantes que fizeram as provas com o caderno de questões de uma determinada cor tiveram o gabarito corrigido como se tivessem respondido a um caderno de provas de uma cor diferente. Como a sequência das questões muda de acordo com a cor do caderno de provas, a nota dos participantes caiu consideravelmente. 

De acordo com Abraham Weintraub, o problema será corrigido ainda nesta segunda-feira (20), mas até o momento os estudantes seguem com diversas dúvidas (e desconfianças) a respeito do assunto. Confira, a seguir, o que já se sabe a respeito do caso e quais pontos ainda precisam ser melhor esclarecidos: 

Como foi feita a correção das provas? 

Segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, uma falha na transmissão das informações da gráfica fez com que parte dos candidatos (ainda não se sabe ao certo quantos) tivessem as provas corrigidas como se ela pertencesse a outra cor de caderno de questões. 

“Nós encontramos inconsistências na contabilização e correção da segunda prova do Enem do ano passado. Um grupo muito pequeno de pessoas teve o gabarito trocado quando foram fechados os envelopes", disse ele. 

Quantos alunos foram prejudicados? 

Ainda não se sabe ao certo quantos estudantes foram afetados. De acordo com o presidente do Inep, Alexandre Lopes, e com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o problema ocorreu com as provas do segundo dia de aplicação e prejudicou um número “muito pequeno” de participantes. 

No domingo (19), o Inep divulgou uma nota afirmando que também está analisando a correção do primeiro dia de aplicação de provas para tranquilizar os estudantes. A princípio, Weintraub falou que o erro havia atingido "alguma coisa como 0,1%" dos candidatos, o que equivale a cerca de 3,9 mil estudantes. 

Depois, Alexandre Lopes, presidente do Inep, falou que o erro poderia ter atingido “até” 1% dos participantes, ou seja, 39 mil pessoas. Voltando atrás, Lopes afirmou que depois que o número “não chega a 9 mil". Nesta segunda-feira (20) durante uma entrevista à Rádio Gaúcha, o ministro falou em “cerca de 6 mil” alunos afetados. Ao todo, 3,9 milhões de pessoas fizeram o Enem 2019. 

Quais providências estão sendo tomadas? 

Foi montada uma força-tarefa para revisão e correção das notas com erro. No último sábado (17), o presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que a base de dados está sendo rodada para encontrar possíveis inconsistências. 

Também foi criado um e-mail para receber mensagens com nomes e CPF’s dos estudantes que acreditam ter sido lesados na correção até às 10h desta segunda-feira (20). Às 19h, será realizada uma coletiva de imprensa na qual o presidente do Inep, Alexandre Lopes, dará detalhes sobre os resultados do trabalho da operação.  

E as datas do Sisu? 

Até o momento, o posicionamento do MEC e do Inep é de que com a resolução do problema nesta segunda-feira (20), o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que tem previsão de abertura das inscrições para esta terça-feira (21), não sofrerá prejuízos. Sendo assim, o cronograma está mantido sem alterações

 O Enem já enfrentou problemas antes? 

Em 2019, além do erro nas correções, o Enem também sofreu com o vazamento da página que mostrava a proposta de redação durante a realização da prova. Um aplicador foi acusado e, segundo o ministro da Educação, o fato não interferiu na lisura do exame. Além disso, no segundo dia de provas, todo o caderno de Ciências da Natureza vazou em grupos e redes sociais.

Dez anos antes, em 2009, as provas do Enem foram roubadas e o exame teve que ser remarcado. Nos anos de 2010 e 2011, erros de impressão fizeram com que algumas provas tivessem questões repetidas. Já em 2012, a divulgação dos espelhos das redações revelaram estudantes que preencheram espaço nos textos com receitas e hinos de times de futebol, fato que levou a estabelecer “fuga ao tema” como critério para zerar a nota. 

Em 2014, o tema da redação vazou cerca de uma hora antes do início da aplicação e no ano seguinte houve boatos de vazamento, mas sem confirmação. Em 2016, duas pessoas foram presas com materiais de apoio para fazer redações sobre o tema daquele ano e em 2017 duas pessoas saíram do local de aplicação com as provas antes do horário permitido. 

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