UFRJ não haverá retorno completo em 2020, diz jornal

Informação foi dada em entrevista para o jornal O Globo pela reitora da instituição, Denise Pires, que ainda relatou que era manutenção do Enem para novembro era "irresponsável"

por Aurilene Cândida qua, 27/05/2020 - 10:29
Reprodução/Diogo Vasconcellos (UFRJ) Denise Pires descarta volta das atividades em 2020 por conta do novo coronavírus Reprodução/Diogo Vasconcellos (UFRJ)

A reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Pires de Carvalho, afirmou ao site O Globo, em entrevista publicada nesta quarta-feira (27), que a instituição não voltará presencialmente com turmas completas em 2020, a não ser que um tratamento para a Covid-19 seja descoberto. 

“É muito difícil imaginar como a curva vai evoluir na cidade do Rio. Mas ensino presencial com turmas completas, com certeza, não há chances. A menos que se descubra um medicamento ou uma associação medicamentosa que cure a doença. Esse medicamento não existe ainda. Sou otimista: se encontrar até agosto, setembro, um coquetel de medicações que controle o vírus, pode ser que se retorne ainda em 2020. A vacina é praticamente impossível acontecer esse ano. Ou encontramos medicação ou não haverá retorno completo”, disse a reitora.

Segundo ela, as aulas devem voltar de forma remota em cerca de dois meses. Antes disso, a instituição buscará incluir cerca de 10 mil a 15 mil alunos que não têm acesso pleno à internet. Eles correspondem a até 20% do corpo discente.

Denise Pires ainda comentou o que pode acontecer caso as aulas retornem presencialmente: “as atividades presenciais para o semestre são imaginadas para turmas menores. Aquele estudante com dificuldade de acesso à internet, mesmo a UFRJ fazendo um esforço de inclusão digital, há endereços nos quais a banda larga não chega. O Rio tem uma geografia muito especial. Então, imagina: em uma sala de 100 alunos, dez que não tiveram como cursar a disciplina poderão fazer presencialmente em salas com janelas abertas, uso de equipamentos de proteção individual, distanciamento social. Turmas de 150, 100 alunos, como temos, não vai poder acontecer”. 

No que se refere ao adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, a reitora categorizou como “impossível" realizar o Enem em novembro na cidade do Rio de Janeiro. "Aqui não teremos, provavelmente, escolas completamente abertas. Como fazer as provas? Todos com o EPI? Difícil. Era um pouco irresponsável manter em novembro. Não só pela dificuldade de estudo, mas pelo local da prova. Não pode colocar todas em ambiente fechado. Alguns outros países tiraram o conteúdo do 3º ano, mas isso não resolve a questão de sermos um país muito atingido pela pandemia. Não resolve a questão que, infelizmente, o Brasil não adotou as medidas adequadas para conter a pandemia. Há um movimento contrário, que banaliza, minimiza, que diz que tem medicação quando não tem medicação, que diz que não é uma doença grave quando ela mata”, afirmou Denise Pires, segundo informações do O Globo. 

“Se a gente começar a ver que o Enem tem problemas de correção, como aconteceu no ano passado, e na qualidade das provas, a gente tem que repensar. Não podemos admitir estudantes ingressante sem ter tido a prova corretamente corrigida”, acrescentou a reitora na UFRJ.

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