94 mil estudantes ficaram sem aulas remotas no CE

A maioria dos alunos sem acesso às aulas é de pretos, pardos e indígenas

por Lara Tôrres ter, 22/09/2020 - 10:04
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo . Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Durante o fechamento de escolas por causa da pandemia de Covid-19, 94.204 crianças e adolescentes cearenses de seis a 17 anos matriculados em escolas públicas ficaram sem aulas remotas no Ceará. Os números são apresentados por uma pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em parceria com a Rede de Pesquisa Solidária, baseada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O contingente de estudantes ficou sem atividades ou aulas não presenciais no mês de julho (excluindo aqueles de férias). 

O perfil mais atingido pela desigualdade de acesso motivada pela falta de internet e equipamentos eletrônicos é o de pretos, pardos e indígenas, que representam 69,4% (65.893 alunos) do total de estudantes sem atividades. 28.311 estudantes brancos, 30% do todo, não conseguiram acesso. O número reflete a realidade do ensino público do estado, composto por 1.258.947 alunos, dos quais apenas 351.131 (27,9%) são brancos. 

Em nota à imprensa, a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc) afirmou que desde o primeiro semestre, o Plano de Atividades Domiciliares norteia o ensino não apenas pela internet, mas também através de impressos, na rádio e na televisão. “Neste segundo semestre, também estão programados cursos de formação em Tecnologias Digitais para a Educação, voltados aos professores, com o objetivo de oferecer condições apropriadas ao uso de ferramentas digitais", diz a nota.

No que se refere às desigualdades sociais, a secretaria alega que promove atividades por meio da Coordenadoria da Diversidade e Inclusão Educacional para questões do campo, indígena, quilombola e relações étnica-raciais. “Muitos projetos desenvolvidos por escolas e regionais têm focado na valorização da identidade negra estudantil e na superação do racismo, de modo a garantir que o estudante consiga cada vez mais se ver valorizado nos projetos pedagógicos das escolas". 

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