Unicef Brasil pede prioridade a reabertura de escolas

Segundo a representante da Unicef Brasil, Florence Bauer, é preciso pensar nos impactos das escolas fechadas e reabrir com planejamento e segurança

por Lara Tôrres ter, 22/09/2020 - 12:24
Pixabay . Pixabay

A representante da Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Florence Bauer, fez um alerta sobre a reabertura das escolas durante a pandemia de Covid-19, afirmando que esta deve ser uma prioridade no processo de retomada das economias, mas inspira uma série de cuidados e planejamento. Para ela, priorizar as escolas não significa reabrir de imediato, mas não é possível esperar por um controle total da doença. 

“É fundamental que a reabertura seja feita com diálogo com toda a sociedade. A volta vai exigir um comprometimento de todos, por isso, é importante que todos, professores, alunos funcionários, se sintam seguros e saibam o seu papel para evitar o contágio dentro da escola", disse Florence Bauer em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

O Brasil está entre os países com o maior tempo de aulas suspensas e também o terceiro do mundo em número de casos de coronavírus (mais de 4,5 milhões) e segundo em mortes (136,9 mil), em um cenário que torna a retomada das aulas complexa. Mesmo assim, a representante da Unicef afirma que já é o momento de retornar à sala de aula. “É o momento de preparar a volta às aulas pensando na situação epidemiológica de cada região, cada estado, cidade e até mesmo bairro. O Brasil é um país muito grande, não podemos esperar que a situação esteja controlada em todo o território para a reabertura das escolas”, disse ela, citando um documento elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a volta às aulas.

O país tem também um contingente de escolas com condições precárias que impedem a adequação às medidas sanitárias de segurança. Sobre esse ponto, Florence afirma que “mesmo onde não for possível reabrir, é importante que se iniciem as ações de preparação, garantir que as unidades tenham água potável, sabonete, ventilação nas salas” e que “precisamos reconhecer que as escolas públicas têm estrutura muito precária. Ainda temos unidades sem abastecimento de água. Mas essas disparidades não vão ser resolvidas de um dia para o outro. O importante é tomar medidas realistas para que a volta às aulas aconteça o mais rápido possível”. 

Questionada sobre a segurança da reabertura diante de tantos problemas, a representante da Unicef afirma que é preciso pensar no impacto das escolas fechadas. “Apesar da tentativa de manter as atividades de forma remota, muitos alunos não conseguiram acessá-las. Há um risco muito grande de abandono escolar, aumento das disparidades. Há o impacto óbvio na educação, mas também há consequências negativas na nutrição das crianças, do desenvolvimento social, o impacto da violência doméstica. O fechamento das escolas tem um efeito muito negativo e profundo. O fechamento foi necessário, mas a prioridade nesse momento deve ser a de analisar a situação de cada local para preparar essa volta. O que me preocupa é a inércia. É a sociedade se acostumar com as escolas fechadas, não estar disposta a pensar nas estratégias para a reabertura.”

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