Morre aos 61 anos o escritor João Carlos Pereira

Jornalista, membro da Academia Paraense de Letras (APL), professor da UNAMA - Universidade da Amazônia estava internado para tratamento de complicações da covid-19

ter, 10/11/2020 - 09:47

A cultura paraense está de luto. Morreu nesta terça-feira (10), em Belém, o professor, jornalista e escritor João Carlos Pereira, docente da UNAMA – Universidade da Amazônia. João Carlos tinha 61 anos e estava internado para tratamento de complicações decorrentes da covid-19. Era casado e tinha duas filhas.

Graduado em Letras pela Universidade Federal do Pará (UFPA), mestre em Estudos Literários, membro da Academia Paraense de Letras (APL), João Carlos dedicou a vida à educação e à cultura. Cronista, traduziu em palavras os sentimentos humanos, o cotidiano, o amor, a vida.

Devoto de Nossa Senhora, João Carlos era estudioso do Círio de Nazaré. Atualmente, ele preparava um livro sobre a manifestação religiosa. Por muitos anos, participou das transmissões da TV Liberal com informações históricas sobre o Círio. Também atuou como colunista do jornal O Liberal.

Ainda não há informações sobre o horário do velório e sepultamento do corpo. A UNAMA, por meio da reitora Betânia Fidalgo, decretou luto oficial de três dias em homenagem à memória do professor.

"Um amigo que vai deixar muita saudade. João Carlos, de uma energia incrível, uma pessoa amável, apaixonado pelas letras e uma enciclopédia sobre o Círio de Nazaré", escreveu em suas redes sociais o jornalista Márcio Lins, colega de trabalho de João Carlos na TV Liberal.

Salomão Larêdo, escritor, publicou que João Carlos era "amigo, o colega jornalista, pesquisador, professor, escritor e notável cronista". William Monteiro Rocha, internacionalista e professor da UNAMA, destacou: "Uma grande referência, sempre cordial, atencioso. Perdemos um grande mestre".

Em perfil publicado por um site em 2014, João Carlos revela suas paixões: "Meu corpo vive em Belém. Minha alma, em Paris. Leio, escrevo (todo dia), planejo viagens, trabalho mais do que desejaria. Já escrevi livros, casei, tive filhas". 

Nos últimos meses, isolado pela pandemia do novo coronavírus, João Carlos Pereira publicou no Facebook uma série de crônicas sob o título "Diário de um desespero - ou quase". Em um dos textos, escreveu: "Os dias desapareceram da semana. Diluíram-se nas ausências do cotidiano. Dormimos e acordamos no mesmo calendário. Não há mais amanhã nem ontem. Tudo é um hoje sem fim, onde o dia e a noite são meros cenários. Auroras e poentes estão do mesmo jeito. Quando isso passar, não haverá memória de datas, exceto para quem cultiva o quase inexistente hábito de escrever diários. Como fiz a vida toda, busco refúgio na poesia. Encontro em Adélia Prado a resposta de que não preciso, porque não há espaço para perguntas, mas a explicação fundamental para a hora que não há, porque dias não há, meses não há e o relógio parou, sem que sequer notássemos".

Da Redação do LeiaJá Pará.

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