Jacqueline Silva

Jacqueline Silva

Meio ambiente e sustentabilidade

Perfil: Bióloga, Mestre em Gerenciamento Costeiro e Doutora em Oceanografia, é coordenadora geral dos cursos de graduação da Unidade Acadêmica de Serra Talhada da UFRPE e coordenadora do Museu de Oceanográfico do Sertão.

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Mapeamento dos oceanos brasileiros: como anda a qualidade de nossas águas?

Jacqueline Silva-Cavalcanti, | qui, 19/04/2012 - 19:03
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Foto: Reprodução/GlobalGarbage.org

O Brasil apresenta aproximadamente 7500Km de litoral, o que o torna um dos países mais atrativos do mundo para as férias de verão. A combinação de sol, areia e águas quentes faz com que todos os anos milhões de turistas procurem as praias brasileiras para se refrescarem na alta estação.

No entanto, desde a década de 80, muitos cientistas tem chamado a atenção para os impactos ocasionados pela contaminação das praias por resíduos sólidos, popularmente conhecido como lixo. Além da perda estética e paisagística das praias, a contaminação por resíduos sólidos traz como consequência a perda da biodiversidade marinha uma vez que este poluente atinge o ambiente marinho adjacente.

Recentemente, pesquisas sobre o lixo marinho tem conquistado destaque no cenário das mundial, uma vez que está mais que comprovado a necessidade de se implantar políticas públicas de prevenção a este contaminante. O fato do Brasil ter recentemente aprovado a Política Nacional de Resíduos Sólidos faz com que os municípios, principalmente os ribeirinhos e costeiros, comecem a procurar formas de construir seus planos de gestão de resíduos sólidos de maneira a mitigar este tipo de fonte para o ambiente marinho.

A discussão sobre as políticas públicas sobre a gestão do lixo, também permeou os debates durante a 42ª Reunião Ordinária do Grupo de Integração do Gerenciamento Costeiro (Gi-Gerco), ligado à Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), que aconteceu este mês em Brasília. Nesta reunião foi discutido, em fim, ações de acompanhamento e monitoramento da qualidade das águas no ambiente marinho. A necessidade da identificação das fontes teve destaque nas discussões da reunião, bem como da mitigação das mesmas em terra. Vale salientar, que as principais fontes de contaminação de resíduos sólidos para o ambiente marinho é a poluição gerada no continente que através da bacia de drenagem (rios) acaba chegando no mar, pondo em risco a biota marinha.

Para se ter ideia do potencial de contaminação aos manancias e mares brasileiros, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CACEGE) divulgou, na semana passada, a retirada de 120 toneladas de lixo e areia de uma tubulação de 6 km de extensão e com diâmetro entre 1.000 mm a 1.750 mm. Mas como isso está relacionado ao lixo marinho? O sistema de drenagem urbana e esgotamento é chamado de separador total, que no Brasil, existe de dois tipos de rede: uma coleta a água da chuva e a outra o esgoto. A drenagem não necessita de tratamento, pois “teoricamente” estaria levando a água da chuva para algum manancial (praia, rio, estuário etc). E do outro lado, o esgoto é levado para estação e tratado até seu destino final.

Se você descarta o lixo na rua ou de maneira inadequada, ele pode, através da rede de drenagem, contaminar o rio, estuário, praia e chegar ao mar! Além disso, pode acontecer de algumas pessoas não conhecerem essa divisão, colocando chuva na rede de esgoto e esgoto na rede de drenagem. Quais as consequências??? Chuva na rede de esgoto causa os famosos transbordamentos e cheias, comuns no inverno brasileiro. Já o contrário, ocasiona a poluição dos mananciais por esgoto e consequentemente uma alteração no ambiente marinho.

Os cuidados com o ambiente marinho deve começar de casa e ser levado até a praia. Assim asseguraremos melhor qualidade dos nossos oceanos às futuras gerações.

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