A semana começa com a forte expectativa de um eventual impedimento da presidente Dilma Rousseff até o final do ano. Em Brasília as articulações estão a mil porque há evidências que a presidente não irá escapar do Tribunal de Contas da União do episódio das pedaladas fiscais. Além disso há questionamentos sobre o financiamento da campanha da presidente, que pode ensejar numa cassação do registro da sua candidatura, e por consequência culminar num afastamento do cargo.
Ciente de que o cenário é crítico e que mesmo tentando ajudar na ponte entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, o vice-presidente Michel Temer foi sumariamente sabotado pelo ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante, o que causou ira na cúpula do PMDB, que comanda além do Palácio do Jaburu, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
Diante do exposto, Renan Calheiros e Eduardo Cunha agem para sangrar o Palácio do Planalto, colocando em pauta temas espinhosos para o governo federal. Aprovando coisas absurdas que todos nós sabemos que a presidente será obrigada a vetar a fim de não comprometer ainda mais a situação fiscal do país. Eles acabam jogando pra platéia, que naturalmente está sedenta pela saída de Dilma do cargo.
De modo mais discreto, Michel Temer, que é um dos homens mais importantes da república brasileira, não pelo cargo que ocupa, mas por toda a sua trajetória política e interlocução com deputados e senadores, se movimenta no intuito de criar as condições políticas para o pós-Dilma, caso a saída da presidente seja fato consumado.
O PMDB nacional já começa a trabalhar com a tese de que o comitê financeiro da campanha de Michel Temer ao cargo de vice-presidente foi distinto do de Dilma Rousseff. O que isso significa? Que se houver evidências de cassação do registro de Dilma por doações ilegais, o vice-presidente sairá ileso da situação, podendo ocupar o cargo de presidente da República.
Também não é interessante para o país arcar com um novo processo eleitoral ainda este ano. O custo de uma eleição é elevadíssimo e teria que mobilizar tribunais eleitorais, cadeia de rádio e tevê, etc. Então as articulações dão conta de um futuro governo Michel Temer.
No comando do Palácio do Planalto, Michel Temer poderia contar com os bons quadros do PSDB, do próprio PT e de siglas menores, como PV, PTB, PR, etc. Temer tem hoje uma bagagem política muito maior que a de Itamar Franco em 1992 antes do impeachment de Fernando Collor. E isso tem pesado favoravelmente pra consolidar o impeachment. Já há uma tendência para que o PSDB possa assumir a área econômica do futuro governo.
Com apenas 9% de aprovação, a única coisa boa que Dilma Rousseff poderá legar ao país é a sua saída do cargo, porque seu governo perdeu a credibilidade perante a sociedade e vem perdendo a legitimidade conquistada nas urnas em outubro do ano passado.
Ronaldo Moura - Em Paulista o presidente do DEM Ronaldo Moura deixou o cargo para dar lugar a Odemir Junior. Com a mudança a sigla integrará oficialmente a base do prefeito Junior Matuto. Ronaldo Moura é ligado politicamente à deputada estadual Priscila Krause.
Chuvas - Com as chuvas torrenciais que atingiram Jaboatão dos Guararapes, o prefeito Elias Gomes preferiu ficar no município para monitorar a situação em vez de participar da convenção nacional do PSDB que reconduziu o senador Aécio Neves ao cargo de presidente da sigla.
PSDB - Na convenção de ontem, Pernambuco foi contemplado com três cargos na executiva nacional do PSDB, o deputado federal Bruno Araújo assumiu uma vice-presidência, o deputado federal Daniel Coelho ficou como vogal da executiva e a presidente da Jucepe Terezinha Nunes ficou como suplente.
Recife - Aliados do deputado Daniel Coelho consideram que a sua presença na executiva nacional do partido pode facilitar no convencimento da cúpula tucana sobre a necessidade de ter uma candidatura própria do partido à prefeitura do Recife no ano que vem, cujo candidato seria o próprio Daniel Coelho.
RÁPIDAS
Consolação - Nos bastidores políticos a informação é que o deputado Lula Cabral terá como prêmio de consolação, por não ter assumido nenhuma secretaria e ter perdido a disputa pra primeiro-secretário da Alepe, a indicação do PSB para disputar a prefeitura do Cabo no ano que vem.
Senado - Apesar de negar quando questionado sobre o tema, o secretário da Casa Civil Antonio Figueira é visto como um forte nome para disputar o Senado na chapa de reeleição do governador Paulo Câmara. Há quem diga que ele trabalha dia e noite para ocupar o posto em 2018.
Inocente quer saber - Anderson Ferreira desistiu de disputar a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes no ano que vem?