Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

Nova classe média, batalhadores e os novos eleitores

Adriano Oliveira, | qui, 17/11/2011 - 14:51
Compartilhar:

Marcelo Neri e Jesse de Souza através de raciocínios e metodologias diferenciadas mostraram e analisaram o recente fenômeno social acontecido no Brasil motivado por transformações socioeconômicas ocorridas nos últimos 21 anos.

Os indicadores sociais e econômicos revelam aumento da renda, elevação do nível educacional e mais consumidores. Portanto, o Brasil passou e continua a passar por mudança social. Em alguns instantes esta mudança é intensa. Em outros, como neste ano de 2011, ela perde intensidade.

Marcelo Neri qualifica o fenômeno exposto como a emergência da nova classe média. Jesse de Souza, por sua vez, opta por afirmar que o fenômeno representa o nascimento de uma nova classe trabalhadora. No caso, os batalhadores.

Ambos os autores, considerando as metodologias diferenciadas nas pesquisas realizadas, têm razões quanto às definições propostas. Entretanto, opto por qualificar tal fenômeno, após considerar os argumentos de Neri e Souza, como a emergência de novos consumidores e eleitores.

Os novos consumidores consomem. Antes eles não consumiam tanto quanto consomem agora. Os novos consumidores trabalham “duro” e com isto contemplam parte dos seus desejos materiais. Os novos consumidores valorizam o estudo, pois sabem, que através dele, podem consumir mais. Os novos consumidores procuram informações diversas. Os novos consumidores não desejam que o estado atrapalhe os seus negócios. Os novos consumidores não abrem mão das conquistas econômicas recentes.

Atrelado a esses novos consumidores, um novo eleitor poderá ter surgido. Ou melhor: um novo tipo de eleitor surgiu. Quem é este novo eleitor? Tenho a hipótese de que ele não é tão vulnerável ao clientelismo político. Ele não tem tanto interesse por eleições, já que desconfia dos políticos e suspeitam de que eles não lhe trazem nenhum benefício. O novo eleitor busca informações variadas, e neste exercício, ele se depara com notícias que dão conta de que políticos estão envolvidos em atos de corrupção. Com isto, eles passam a não tolerar o político.

O novo eleitor se preocupa com a sua rua, com o trânsito, com o transporte público, com a segurança e com a educação dos filhos. Enfim, o novo eleitor deseja um estado eficiente.

Diante do possível novo eleitor, candidatos precisam se preparar para conquistá-los. Por isto, novas ferramentas de conquista do eleitor precisam ser criadas. Através de ferramentas adequadas, o marketing eleitoral deve ter como principal objetivo animar o eleitor a ir votar em alguém. Mas para isto ser possível, é necessário identificar, antes de tudo, as suas demandas.

O que Cabral e Beltrame desejam a partir de 2014?

Adriano Oliveira, | seg, 14/11/2011 - 16:23
Compartilhar:

Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, não pode mais ser reeleito. Na última eleição para governador, em 2010, ele conquistou a reeleição. Beltrame, secretário de segurança pública do estado fluminense, expulsou, teoricamente, os traficantes de variadas comunidades e adotou uma política de segurança de sucesso.

O sucesso de Cabral na opinião pública deve-se, em parte, a Beltrame. E sem Cabral, Beltrame não existiria como secretário de segurança. Diante disto, indago: o que ambos pensam em fazer a partir de 2014?

Qualquer pesquisa de opinião realizada no Brasil mostrará que a segurança pública é considerada um dos principais problemas do país. Para os eleitores, os governos dos estados e os presidentes da República são responsáveis pelas ações na área da segurança pública.

FHC foi tímido nas ações de combate ao crime. No governo de FHC não foi criado uma política nacional de segurança. Na era Lula, ações pontuais foram realizadas. Além de muitas pesquisas que contribuíram para desvendar mitos da criminalidade brasileira. Entretanto, FHC e Lula não criaram políticas de segurança de sucesso.

Nos governos estaduais, destaco os trabalhos dos variados governos de São Paulo. Os governadores de São Paulo, vale salientar, todos do PSDB, conseguiram, com sucesso, reduzir a frequência de homicídios no estado, em particular na capital. Na era Aécio, Minas Gerais avançou na área da segurança pública.

Em Pernambuco, no início do primeiro mandato do governo Eduardo Campos, foi criado o Pacto pela Vida. Este programa e ações específicas trazidas de São Paulo contribuíram para o aperfeiçoamento da segurança pública de Pernambuco. Friso que a qualidade da segurança pública em Pernambuco melhorou consideravelmente. Ressalto, ainda, que a frequência de homicídio foi reduzida.

Considerando a premissa de que políticas meritórias de segurança pública contribuem para o sucesso eleitoral de candidatos, faço, novamente, a seguinte indagação: o que deseja Beltrame e Cabral em 2014?

Eles poderão optar por se afastar da política. Ou poderão sonhar com vôos políticos. Beltrame pode desejar ser governador do Rio de Janeiro. Cabral pode desejar ser vice-presidente da República. Ou, quem sabe: Beltrame pode, a convite de um partido mediano, desejar ser presidente da República.       

As emoções, os sentimentos e as campanhas importam

Adriano Oliveira, | sex, 11/11/2011 - 13:36
Compartilhar:

A cada dia que leio e observo empiricamente a dinâmica política constato que os determinantes clássicos que explicam as escolhas eleitorais não explicam satisfatoriamente o comportamento do eleitor. Em razão disto, proponho que os estrategistas eleitorais e interpretes das eleições passem a considerar novos determinantes do voto.

Em alguns contextos, ideologia e preferência partidária explicam o comportamento do eleitor. Mas não é uma explicação satisfatória. Em outros contextos, prefeitos bem avaliados vencem disputam eleitorais. Mas prefeitos com reduzida avaliação também.

O bem-estar econômico do eleitor explica, majoritariamente em disputas presidenciais, o sucesso de candidaturas. Mas eleições ocorridas em outros países, como no Chile, revela que a economia não é tudo.

Neste sentido, proponho que variáveis subjetivas e conjunturais sejam incorporadas na análise do comportamento eleitoral. O cientista político Antonio Lavareda em seu excelente livro Emoções Ocultas e Estratégias eleitorais e em artigo recente na Revista da USP revela como as emoções e as campanhas eleitorais importam para explicar as decisões dos eleitores.

Jairo Tadeu Pires Pimentel Júnior, cientista político, em recente artigo publicado na Revista Opinião Pública, mostra que variáveis emocionais explicam o comportamento eleitoral e que elas podem ser identificadas através de surveys. As obras de Lavareda e Pimentel Júnior são inovadoras no Brasil, pois consideram emoções e campanhas como determinantes do voto.

Constato que os cientistas políticos têm um desafio pela frente, qual seja: acatar as sugestões de Lavareda e Pimentel Júnior e procurar desenvolver explicações sofisticadas e com respaldo teórico das emoções dos eleitores e das campanhas eleitorais. Com isto, será possível identificar se as variáveis tradicionais explicam o comportamento do eleitor. E se alguma variável, como a ideologia, não mais explicam.

Institutos de pesquisas e estrategistas precisam urgentemente incorporar em suas pesquisas e análises variáveis que expressem os sentimentos e as emoções dos eleitores. Com isto, prognósticos quanto ao comportamento do eleitor poderão ser realizadas.

Além disto, os estrategistas políticos, além da Academia, não podem relegar a importância das campanhas eleitorais na escolha dos eleitores. Portanto, campanhas bem feitas, sentimentos e emoções conquistam eleitores.

Tags:

Yes, we care

Adriano Oliveira, | qua, 09/11/2011 - 10:15
Compartilhar:

"Sim, nós nos preocupamos". Este é o lema proposto por FHC em encontro do PSDB na última segunda-feira. Para o ex-presidente, o PSDB deve mostrar para os eleitores que se preocupa com as pessoas. A proposta de FHC é óbvia. Mas nem todos do PSDB propuseram isto. Portanto, a proposta óbvia de FHC é inovadora.

Costumo afirmar que o governo de FHC foi inovador. Sem FHC, Lula não teria conquistado sucesso junto aos eleitores, pois o PT, e certamente parte da sua base aliada, não lhe daria apoio para criar a Lei de Responsabilidade Fiscal, para realizar as privatizações e para salvar o sistema financeiro através do PROER. E, claro, variados membros do PT não teriam dado apoio caso algum economista propusesse a Lula o Plano Real.

É claro que Lula tem méritos. Lula é sábio. Lula fez a opção em sua carreira política pela intuição. E não se preocupa em dar a ela sustentação teórica. Em vários momentos, a intuição de Lula foi sábia. A Carta aos Brasileiros, publicizada às vésperas da eleição de 2002, mostra, por exemplo, a sabedoria de Lula. Através dela, Lula garantiu para todos os brasileiros e para o mercado a continuidade das coisas boas do governo FHC.

Gostaria de presenciar um encontro de FHC, o PSDB e Lula. Neste encontro, eu diria o seguinte a Lula: presidente: diga ao PSDB como se conquista eleitores.  Lula, diante da sua empáfia, ficaria feliz com a minha sugestão. E, certamente, iria mostrar ao PSDB os meios necessários para mexer com os sentimentos e os desejos dos eleitores.

Não falta ao PSDB uma agenda para o Brasil. Não faltam ideias em FHC. Ao contrário, muitos do que fazem o PSDB e FHC pensam o Brasil a longo prazo. Privatizações, Reforma do estado, desburocratização, reforma radical na educação, redução dos juros, capitalismo competitivo, etc. Estes são temas que fazem parte da agenda do PSDB. Porém, falta ao PSDB o básico: criatividade para conquistar eleitores.

A conquista de eleitores é um desafio que faz parte do cotidiano dos estrategistas e dos competidores. Identificar e compreender os desejos do eleitor e com isto criar estratégias para conquistá-los são as funções básicas dos estrategistas e dos candidatos.

Em 2014, o PSDB tem condições reais de retomar à presidência da República, pois Dilma tem vários desafios até lá, muitos dos quais, não serão satisfatoriamente superados. Mas, para o PSDB derrotar o PT ou outro competidor, ele precisa aprender a conquistar eleitores.

Advogados – Contradições e mitos

Adriano Oliveira, | seg, 07/11/2011 - 10:12 | Atualizada em: seg, 07/11/2011 - 13:57
Compartilhar:

A opinião pública não é única. E muito menos homogênea. Quando alguém diz “A voz rouca da opinião pública deseja reforma política”, comete um erro de interpretação sociológica. A opinião pública é segmentada. E ela é adequadamente compreendida quando os seus analistas reconhecem que o todo tem partes. Portanto, partes da opinião pública podem ter as suas opiniões.

Os advogados fazem parte de um segmento da opinião pública. Opto por chamar de classe dos advogados. Neste sentido, a classe deve ser compreendida como uma parte da sociedade, a qual, supostamente, tem opiniões diferentes de outras partes, como, por exemplo, médicos. Os advogados despertam interesse, pois a advocacia é uma profissão que atrai indivíduos e costumeiramente os seus membros são chamados de doutores.

Numa sociedade hierárquica como a do Brasil, a classe dos advogados exerce papel fundamental, pois são eles os doutores, os operadores do Direito, os garantidores da democracia e os defensores dos Direitos Humanos. O que seria de um País sem advogados? Certamente, o Estado de Direito não existiria.

Pesquisa realizada pela Faculdade Maurício de Nassau através do seu instituto de pesquisa (Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau) no mês de setembro de 2012 revela que os advogados são contraditórios e árduos defensores da democracia. A pesquisa revela também que a carreira de advogado não é tão bem remunerada como nossos pais sugerem e que nem todos estão tristes em razão de não conquistarem riqueza com a profissão.

Os advogados são democráticos, pois 68,2% não abrem mão da democracia por nada e 79,9% deles defendem uma imprensa livre. Ressalto, ainda, que 71,5% acreditam que o Brasil tem uma democracia consolidada. Entretanto, constato que as instituições têm pouca credibilidade junto aos advogados.

É importante ressaltar que 18,5% dos advogados não confiam em nenhuma instituição do estado. Apenas 22,9% dos operadores do Direito confiam no Poder Judiciário e no Tribunal de Justiça (Ambos são categorias semelhantes) e 15,4% confiam no Ministério Público. Percentuais reduzidos.

Friso que a Polícia Federal tem 6,9% de credibilidade junto aos advogados. Percentual, superior ao do Supremo Tribunal Federal (STF) – 2,9% dos entrevistados confiam no STF. Então, qual é a razão de 71,5% dos advogados afirmarem que o Brasil tem uma democracia consolidada?

Saliento que 81,7% dos advogados consideram que o Poder Judiciário é lento no julgamento dos processos. E 85,9% acreditam que existe influência política no Poder Judiciário brasileiro. Portanto, os dados sugerem que os advogados não confiam e desconfiam do Poder judiciário. Então, indago, novamente: por que eles acreditam na democracia brasileira?

Os advogados podem ser considerados corporativistas ou variáveis que provocam rupturas institucionais, pois 75,1% deles são favoráveis ao instrumento Quinto Constitucional e 63,8% crêem que ele democratiza o Poder Judiciário.

Neste sentido, tenho a hipótese de que os operadores do Direito acreditam que a ida de um membro da classe para o Poder Judiciário possibilita a ruptura com práticas que tornam o Poder Judiciário lento e passível de influência política. Será?

A renda do advogado não é tão alta como muitos pais pensam. De acordo com a pesquisa da Faculdade Maurício de Nassau, 42,5% dos entrevistados têm renda individual entre 5 a 10 salários mínimos e 28,9% recebem entre 2 a 5 salários mínimos. Apenas 22% dos advogados entrevistados declararam receber mais de 10 salários mínimos. Friso que 83,8% dos advogados estão felizes com a profissão.

Descobrir a opinião de segmentos da opinião pública possibilita a compreensão da sociedade e o desvendamento de mitos. Sociedades são, necessariamente, complexas, por isto, difíceis de serem decifradas. Mitos existem para serem desvendados.

Os advogados são atores complexos em razão das suas contradições, pois acreditam na democracia brasileira, mas desconfiam das instituições. E ainda crêem que o instrumento Quinto Constitucional motiva rupturas.

O exercício da profissão de advogado gerou mitos, dentre os quais, a de que “advogado ganha dinheiro” e de que muitos indivíduos realizam o curso de Direito para serem bem remunerados. A pesquisa realizada desmitifica estes dois mitos, pois são poucos os advogados que tendem a alcançar a riqueza exercendo a advocacia e que para a maioria dos operadores do Direito, dinheiro não é tudo, pois 83,8% estão felizes com a profissão.

O que Serra fará em 2012 e em 2014?

Adriano Oliveira, | qui, 03/11/2011 - 09:20
Compartilhar:

José Serra, apesar de não ter sido vitorioso nas disputas presidenciais, tem capital eleitoral e é um ator importante nas eleições de 2012 e 2014. O que ele fará em 2012 e em 2014 deve ser uma preocupação presente no PSDB. Se não é, o PSDB comete um equívoco.

Serra poderá ser candidato a prefeito de São Paulo com o apoio do PSD. Serra pode ser candidato ao governo do Estado em 2014 com o apoio de Alckmin. Serra pode ser candidato à presidente da República pelo PSDB. E Serra pode ser candidato à presidente da República pelo PPS ou PSD.

Se Serra for candidato a prefeito e vencer a disputa eleitoral, cresce as chances de Aécio ser o candidato à presidente da República pelo PSDB. Mas se Serra for candidato ao governo do Estado em 2014, Alckmin poderá ser o candidato do PSDB à presidente. Deste modo, Aécio terá que administrar o fator Alckmin. E se Serra for para o PPS ou o PSD para ser candidato à presidente, o PSDB perde capital eleitoral.

A posição futura dos atores deve ser sempre prognosticada, pois desta forma, é possível criar estratégias. Neste instante, José Serra dificulta o sucesso eleitoral do PSDB em 2014 em virtude de que ele tem opções e capital eleitoral para prejudicar o PSDB e, particularmente, Aécio Neves.

O PSDB tem condições de retomar a presidência da República em 2014 com Aécio Neves. Mas para tal fato ocorrer, é necessário que os cenários políticos e econômicos sejam propícios. Além disto, estratégias eficientes devem ser construídas.

Não adianta o PSDB realizar uma oposição raivosa. Erros do governo do PT precisam ser mostrados ao eleitor. Mas o PSDB precisa ficar atento aos fatos trazidos pela imprensa e ao desempenho da economia, os quais afetam de modo positivo ou negativo a avaliação de Dilma. E com isto, construir a sua retórica oposicionista.

Os desejos do eleitor precisam ser monitorados. Por consequência, propostas devem ser apresentadas em conformidade com os desejos do eleitor. Uma agenda governamental alternativa as ações do PT precisa ser apresentada. O PSD e o PSB precisam se transformar em aliados. E, enfim, é preciso manter José Serra no PSDB.

A doença de Lula e o Cisne Negro

Adriano Oliveira, | seg, 31/10/2011 - 09:03
Compartilhar:

Fico incomodado quando observo nas redes sociais comentários desrespeitosos e provocativos quanto à doença do ex-presidente Lula. Como nós, seres humanos, dotados de interesses, emoções e desejos, ficamos felizes com a doença ou a tragédia de outrem? Esta é uma indagação espiritual, mas a sua resposta mostra que a opinião pública é tão heterogênea que existe espaço para indivíduos comemorarem a tragédia alheia.

Apesar de discordar de variadas ações políticas de Lula em sua era presidencial, reconheço a sua importância para o Brasil. Lula, como bem mostra o livro “O Que Sei de Lula” (José Nêumane Pinto), construiu a sua carreira política em busca de um objetivo: dar condições aos brasileiros despossuídos de adquirirem posses. O que importa para Lula não é se um governo é de Esquerda ou de Direita. O que importa para ele é se as pessoas estão consumindo.

O objetivo de Lula é louvável. E as suas ações em sua era presidencial mostram claramente a ideia errônea que várias pessoas tentaram implantar junto à sua imagem: Lula é um homem de Esquerda. Um socialista.

O excelente livro “O Que Sei de Lula” mostra que Lula não optou por pautar a sua conduta política entre dois espaços – Esquerda e Direita. Independente de ser de Esquerda ou de Direita, Lula tinha em mente promover ações para possibilitar que milhões de brasileiros se transformassem em milhões de consumidores. Portanto, Lula é capitalista.

Em razão das ações meritórias promovidas por FHC e a sabedoria de Lula, o ex-presidente conseguiu fazer com que milhões de brasileiros virassem consumidores. Em razão disto, além de aspectos emocionais e de imagens que estão associados ao seu jeito de falar e de ser, Lula se transformou em um ídolo.

A enfermidade de Lula terá impacto junto aos eleitores e aos atores políticos. Os eleitores rezarão. Ficarão preocupados. Emoções surgirão, as quais poderão beneficiar competidores políticos.

Por outro lado, a enfermidade do presidente Lula gerará desconfiança junto aos seus aliados. Muitos, considerando apenas o cálculo político, construirão cenários políticos desconsiderando a presença do ex-presidente nas eleições de 2012 e de 2014. Por consequência, novas lideranças e pólos de poder poderão surgir.

Cisnes Negros são eventos que podem vir a aparecer na trajetória eleitoral. A presença deles é de difícil previsão. Quando eles surgem, contextos políticos podem sofrer abruptas mudanças. A enfermidade de Lula é um típico caso de Cisne Negro.

Boa sorte ao ex-presidente Lula. Torço pela sua recuperação!

Verdades, conselhos e prognósticos sobre a eleição do Recife

Adriano Oliveira, | qua, 26/10/2011 - 10:21
Compartilhar:

A miopia possibilita a construção de interpretações equivocadas sobre a realidade. Interpretações equivocadas possibilitam a criação de estratégias eleitorais ineficientes ou erradas. A sabedoria política se aproxima do senso comum e por isto erros são cometidos por parte dos atores. Na dinâmica política, inocentes sofrem, pois são engolidos pelos sábios. Sendo assim, friso que:

1. Fernando Bezerra Coelho transferiu o seu domicílio eleitoral para o Recife em razão de ter a intenção de ser eleito prefeito da capital. A eleição de FBC interessa ao governador Eduardo Campos, pois este retira do jogo de 2014 o ministro.

2. Eduardo Campos não irá romper com o PT de imediato. Ele sinalizará para o PT, assim como já faz, que quem é o líder da Frente Popular é ele. Portanto, o PT terá que aceitar os interesses do governador. Desta forma, Eduardo Campos poderá vir a apoiar duas candidaturas em 2012 na disputa da capital. Sendo assim, Eduardo apoiará a reeleição de João da Costa, mas não subirá no palanque. E apoiará FBC, mas subirá no palanque. O governador dirá aos líderes do PT que a vitória de FBC ou de João da Costa permitirá a manutenção da prefeitura do Recife nas mãos da Frente Popular.

3. O governador Eduardo Campos pode vir a apoiar a candidatura de Humberto Costa a prefeito do Recife. Mas fará isto, caso o PT se comprometa em apoiar o candidato do governador em 2014 na eleição para o governo. Não é viável para Eduardo Campos apoiar a candidatura de João Paulo para prefeito. Caso isto ocorra, o governador de Pernambuco dará forças ao PT na disputa estadual de 2014.

4. Eduardo Campos trabalha com três cenários para 2014: 1) Ser candidato a vice-presidente da República na chapa de Dilma; 2) Ser candidato a vice-presidente da República na chapa de Aécio; 3) Ser candidato a presidente com o apoio informal de Lula. Para os dois últimos cenários ocorrerem, Dilma precisará sofrer forte enfraquecimento eleitoral.

5. Os atores da oposição, em particular, DEM, PPS e PMDB, tem chances de conquistarem a prefeitura do Recife. Mas para isto, é necessário que apenas dois candidatos sejam apresentados. Se o PSDB apresentar um candidato, aconselho que o Bloco DEM, PPS e PMDB lance apenas um competidor e procure obter o apoio de Armando Monteiro.

6. Vários candidatos da oposição interrompem o fluxo de informações para o eleitor. Pois, serão variados os atores falando mal de João da Costa. Com isto, o eleitor, o qual, neste instante, deseja mudança, pode não vir a assimilar as variadas informações advindas da oposição. Os que hoje somam percentuais de candidatos descobrirão em outubro de 2012 que vários competidores da oposição beneficiam a situação.

7. FBC é um candidato competitivo. E é possível que ele, caso dispute a eleição, afaste a oposição da prefeitura e conquiste a segunda vaga no segundo turno da disputa municipal. No caso, a Frente Popular terá dois candidatos no segundo turno, quais sejam: um do PT e outro do PSB.

8. O senador Armando Monteiro poderá vir a ser o candidato da oposição (DEM, PMDB e PPS) em 2014 para o governo do Estado. Mas isto só se concretizará, caso a oposição (DEM, PMDB e PPS) conquiste a prefeitura do Recife.

A Casa, a Rua e as eleições municipais

Adriano Oliveira, | seg, 24/10/2011 - 09:30
Compartilhar:

O que o eleitor deseja? Esta é a principal indagação que o estrategista deve realizar antes de definir as estratégias de um candidato a prefeito. Sem esta pergunta, o estrategista não saberá quais ações realizar para vencer a disputa eleitoral.

Duas outras perguntas também precisam ser feitas: 1) Qual é o poder de influência do presidente da República nas eleições municipais? 2) Qual é o poder de influência do governador nas eleições municipais?

Administradores bem avaliados, quando utilizados adequadamente, têm condições de influenciar a escolha do eleitor. Mas, friso: o apoio do presidente da República e do governador, mesmo que eles estejam bem avaliados, não são suficientes para eleger um candidato a prefeito.

A conjuntura econômica nacional pode ser também um fator importante, em particular nas cidades da Região Metropolitana. Mas, neste caso, a economia deve estar num crescimento pujante ou estagnada para vir a provocar questionamentos do eleitor a dado candidato que venha a ser associado a fatos econômicos.

Roberto Da Matta em seu livro a Casa e a Rua mostra como o convívio entre os indivíduos nos ambientes casa e rua são diferentes. Na casa, as relações sociais são, teoricamente, cordiais. A proteção está presente. Na rua, os conflitos podem vir a existir e a proteção está presente através do Estado – caso, obviamente, este funcione adequadamente.

A partir do brilhante raciocínio de Roberto da Matta tenho a hipótese de que na disputa municipal os eleitores reconhecem a cidade como a sua casa. Deste modo, problemas do dia a dia, os quais, inclusive, estão presentes em seus lares, são debatidos na esfera pública, ou seja, na campanha eleitoral.

Eleitores arrumam os quartos da casa. Eleitores mantêm limpo o (s) banheiro da residência. Eleitores gostam da casa organizada, bem cuidada. Eleitores desejam conforto e segurança no lar. Eleitores desejam bem-estar.

Os eleitores, na disputa municipal, não vão debater com os candidatos temas que são da responsabilidade do governador ou do presidente. Eles desejam ouvir dos candidatos a prefeito propostas para temas do cotidiano, os quais estão presentes de modo semelhante em seus lares.

Organização e manutenção da cidade, limpeza urbana, trânsito, obras de infraestrutura, calçamento. Estas demandas quando atendidas pela prefeitura geram bem-estar urbano no eleitor – satisfação com a cidade. E são estes temas que terão que ser necessariamente debatidos nas eleições de 2012.

Tags:

Boas pesquisas, boas estratégias. Boas estratégias, sucesso eleitoral

Adriano Oliveira, | sex, 21/10/2011 - 09:41
Compartilhar:

Boas perguntas, boas estratégias. Boas pesquisas e boas estratégias, sucesso eleitoral. Estas relações de causalidades devem orientar os estrategistas. São comuns as pesquisas eleitorais que buscam verificar apenas três variáveis: Intenção de voto, Avaliação da administração do gestor e Principais problemas da cidade. Com os resultados em mãos, marqueteiros orientam os candidatos. E candidatos buscam apoios.

As variáveis sugeridas são importantes, mas não suficientes para possibilitar a construção de estratégias eleitorais e peças publicitárias. Lembro, mais uma vez, que os eleitores estão numa trajetória, e nesta eles recebem influências diversas e fazem as suas escolhas. Portanto, as perguntas contidas nos questionários precisam considerar a trajetória do eleitor.

Aspectos emocionais, imagem, sentimentos com a cidade e com a administração, identificação de conflitos entre atores, busca de fragilidades nos competidores e cenários eleitorais são variáveis necessárias que precisam ser avaliadas em um questionário eleitoral.

O estrategista precisa, diante das variáveis sugeridas, buscar regularidades. As regularidades representam a estabilidade nos resultados. Então, se uma resposta permanece presente com percentuais semelhantes em variadas pesquisas, isto significa que dado fato ou fenômeno está consolidado no eleitorado. Diante disto, é necessário que o estrategista considere o fato ou o fenômeno na construção de estratégias.

As regularidades nos percentuais dos candidatos, os quais precisam ser observados em variados cenários, fornecem ao estrategista indício do capital eleitoral do candidato. Neste caso, se o candidato X mantém, em variadas pesquisas e cenários, percentuais entre 30% a 34% de intenção de votos, isto significa que ele é um candidato com capital eleitoral consolidado entre os eleitores. Porém, uma indagação surge: O candidato X tem condições de crescer eleitoralmente?

Estratégias eleitorais eficientes conseguem mudar ou consolidar as escolhas dos eleitores. As conjunturas – política, social e econômica – não devem ser desprezadas na formulação das estratégias eleitorais e nem na formulação dos questionários de pesquisas.

Boas pesquisas, boas estratégias. Boas estratégias, sucesso eleitoral.      

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando