Com vocês, o hiperativo Rafael Cortez

Músico, humorista e apresentador do CQC conversou sobre seu show que acontece neste domingo (4), no Recife

sab, 03/12/2011 - 21:54
Gustavo Ferri/Divulgação

“Quando eu me lembro que o Recife está longe, a saudade é tão grande que eu até me embaraço”. Foi esta a frase escolhida pelo “multifacetado” Rafael Cortez para dar como recado aos fãs e público recifense que o aguardam para assistir “De tudo um pouco”, espetáculo que acontece neste domingo (4), às 20h, no Teatro da UFPE, pela segunda vez aqui na cidade.

Relembrar a frase do ilustre Capiba não é de se estranhar em se tratando do rapaz – para quem não sabe, além de ser um dos apresentadores do programa Custe o Que Custar (CQC), da Band, Rafael Cortez é também ator, jornalista, compositor e outros 30 rótulos que uma pessoa pela qual faz “de tudo um pouco” poderia ser. “As pessoas acham que simplesmente fiz um teste para entrar no CQC e não sabem que eu estou a 11 anos investindo, fazendo testes, cursos, aperfeiçoando, ralando muito”, conta o jovem quase hiperativo, que agora está com 35 anos.

Na conversa, ele falou sobre a rotina de trabalho, sobre um possível bullying que passou e também aproveitou um pouco para falar do seu disco, o “Elegia da alma”, lançado em plena era da internet e dos softwares de produção fonográficas praticamente livres.  “Se eu lançasse um CD na linha dos Mamonas Assassinas eu ia vender, ganhar dinheiro”, conta Cortez, sobre seu álbum que de humorístico não tem nada - é instrumental, de violão autoral e independente, "mas fiz um CD porque quero desencorajar a pirataria, desencorajar o download e encorajar o consumidor a ter o produto físico em mãos". Confira a entrevista.

É a sua segunda vez aqui no Recife com o espetáculo "De tudo um pouco". Você conhece a cidade fora dos palcos?
Infelizmente não. Quer dizer, muito pouco, o máximo que estive foi em Porto de Galinhas, é perto daí, né? (risos) Queria conhecer mais, inclusive, acho o povo daí tão legal, tão carinhoso, só tenho referências boas do pessoal de Recife.

Na biografia do seu site tem dizendo que quando criança você desenhava, quando adolescente editava um jornalzinho com amigos, que já tentou uns três cursos superiores diferentes (Artes Plásticas, Cinema, Filosofia). Você parece ser uma pessoa bem inquieta..
É bem difícil ser eu mesmo, porque eu sou muito agitado e ancioso, é ruim pra dormir, é difícil de focar, concentrar, é dificil tudo. Tem uma coisa maravilhosa que é esse momento que estou vivendo, com essa projeção, com a oportunidade de falar com você, de dar entrevistas, de lançar um CD com shows no Brasil inteiro, o programa (CQC) ta consolidado e isso é sensacional, sou super grato.

E você acha que chegou aonde queria chegar?

É muito punk administrar tudo isso, não tem nenhum glamour na vida de televisão, na vida do artista, é ralação, ralação e relação.
E também tem aquela coisa, acham que simplesmente fiz um teste para ser do CQC. Eu não sou um guri que chegou agora, passei dos 20 aos 31 anos só investindo, fazendo testes, cursos, aperfeiçoando, ralando, pegando todo o trampo que podia até conseguir alguma coisa.
Então, é natural que eu tenha conseguido alguma coisa aos 35, porque foi muita ralação mesmo.

Você diz em sua biografia na web que apanhou de uns garotos quando era adolescente. Conta essa história melhor...
Na época eu tinha um cabelão, e tinha uns moleques mal encarados na rua em que eu morava que me bateram, provavelmente porque eu tinha essa carinha bonita e eles eram uns espinhentos e covardes. Talvez tenha sido uma forma de bullying, não sei. O que me consola é que hoje estou prestes a fazer um show bacana no Recife, tomar umas cervejas, pegar umas mulheres (risos), e eles devem estar em um emprego chato e sem graça.

Por falar em emprego, você considera o CQC um programa jornalístico?
Acho que o CQC é um programa jornalístico que se utiliza do humor. Se você reparar na matéria que fiz sobre os morros cariocas, ali foi uma matéria puramente jornalística, fui lá, apurei os fatos. Agora o CQC Teste, por exemplo, é pagação de mico, não é jornalismo. Acho que o programa funciona muito bem como um espaço de diversidade, e isso é democracia.

Como você faz para organizar sua semana? Quantas pautas você faz neste período?
Cada semana é uma semana, eu começo completamente sem ideia do que vai acontecer comigo, e quando ela termina, eu digo para mim mesmo ‘que do c*, quem diria que eu iria para o Rio de Janeiro, conheceria cicrano, ou que eu teria feito essa pauta maluca'. Às vezes eles mudam tudo, é uma doideira. O que eu sei é que esse domingo eu tô aí (risos), mas a minha rotina é muito inconstante.

E o que o público pode esperar do show “De tudo um pouco”?
Eu não faço um stand up comedy, a fórmula do meu show é bem diferente. É um show de improviso, interação e desenvolvimento de piadas junto com a plateia, às vezes começo um show de uma maneira, termino de outra, quem dita as regras é a plateia. Vou me inspirando -ou não- de acordo com a relação que crio com ela.

E seu CD, o “Elegia da alma” (lançado este ano), conta um pouco como foi fazer um produto desses em uma época com tantas possibilidades digitais para o artista?
Meu CD é uma coisa maluca mesmo, é um projeto que só pode ser explicado com uma palavra: passional. Quer dizer, fiz um CD instrumental, de violão autoral e independente a esta altura do campeonato, em que todo mundo me conhece como humorista. Se eu lançasse um CD na linha dos Mamonas Assassinas eu ia vender, ganhar dinheiro...

A única concessão que abri foi para o meu público, com um encarte cheio de fotos, porque pensei comigo mesmo ‘se os fãs do CQC não entenderem ou gostarem do estilo da minha música, pelo menos terão fotos minhas, estilo modelete'. Essa foi a única concessão que eu fiz, o encarte ficou um pouquinho mais auto-referente do que eu gostaria. Ele é meio narcisista.

Mas fiz um CD também porque quero desencorajar a pirataria, desencorajar o download e encorajar o consumidor a ter o produto físico em mãos.

E como você faz para distribuí-lo de forma independente?
Tenho uma distribuidora que é a Tratore, a solução de todos os artistas independentes. Meu CD vende em várias lojas do Brasil, mas no meu show é a oportunidade que você tem de comprar o CD comigo - que sai até mais barato - e no final tem uma coisa incrível: você tira uma foto comigo e me dá um amasso, isso se você for uma mulher bem gostosa, claro. Se você for um homem, a gente se cumprimenta, chacoalha as mãos e você vai embora.

E você tem mais algum recado para seus fãs e para o público em geral?
Vamos nos ver domingo, to morrendo de saudades do Recife, e como diria o Capiba, com tanta propriedade – “Quando eu me lembro que o Recife está longe, a saudade é tão grande que eu até me embaraço”. Então, ao contrário do Capiba, eu estou voltando! (risos), quero todo mundo no show domingo e levem R$15 para comprar o meu disco que estará sendo vendido!

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