A inusitada união do ska com o frevo

Ska Maria Pastora lança disco "As Margens do Rio Doce", no domingo do Abril Pro Rock

qua, 18/04/2012 - 17:31

 

Nunca se imaginou que um dos ritmos mais tradicionais da cultura pernambucana, o frevo, pudesse se unir ao ska, gênero musical nascido na Jamaica no final dos anos 50. O encontro entre esses dois estilos, aparentemente distintos e de musicalidade e ritmo totalmente diferentes, só foi possível em Pernambuco, conhecido por ser um verdadeiro celeiro de experimentação musical.

Considerado um dos embriões do reggae, o ska caracteriza-se pela combinação de ritmos caribenhos com o jazz e o rhythm and blues. Usa-se instrumentos como guitarra, baixo, trompete, trombone, saxofone, tambores, pianos e órgãos, e sua batida é similar à do reggae, porém mais rápida e alegre.  O frevo, representante maior da cultura pernambucana, é um dos ritmos mais queridos e importantes do Estado.

Do amor por esses dois estilos surgiu um projeto inusitado. Composta pelos músicos olindenses Deco Trombone, Leo Oroska (percussão), Sanzyo Dub (bateria), Vitor Magall (guitarra), Jayme Monteiro (guitarra), Valdir Pereira (baixo) e Leo Vinesof (teclado), a banda Ska Maria Pastora foi criada com a proposta inédita de unir o ska e o frevo em uma única sonoridade.

O pontapé inicial do projeto foi dado por Deco Trombone e Sanzyo, ex-integrantes da Bonsucesso Samba Clube, e as primeiras gravações foram covers da banda Skatalites, considerada um dos maiores expoentes do estilo. "Sempre existiu essa vontade de trazer a agressividade da pancada do frevo para o ska. Vimos que dava pra tirar um caldo desse processo e resolvemos ousar, sabendo que todo processo ousado tem o seu resultado", afirma Deco.

A banda agora foca na divulgação do disco, "As Margens do Rio Doce", seu primeiro trabalho autoral, feito de maneira totalmente independente. No vídeo abaixo, Deco Trombone fala um pouco sobre as colaborações e o processo de gravação do disco, realizado entre junho e dezembro de 2010.

 

 

ABRIL PRO ROCK



A ousadia deu certo. O primeiro EP da Ska Maria Pastora, de releituras de clássicos do frevo, foi muito bem recebido e rendeu participações no festival Rec Beat em 2009 e 2010. Desde 2008, a banda vem realizando ótimas participações em festivais de todo o Brasil, e no próximo domingo (22) realiza o lançamento oficial de "As Margens do Rio Doce", na 20ª edição do Abril Pro Rock

Nomes como Nelson Ferreira, Capiba, SpokFrevo Orquestra, Rotterdam Ska Jazz Foundation, Don Drummond e Skatalites exercem grande influência na sonoridade do grupo. Os jamaicanos do Skatalites, inclusive, foram uma das principais atrações do APR no ano passado. O que pode representar uma boa tendência do festival de incluir bandas do gênero em sua programação. "A gente estava doido pra tocar no mesmo ano do Skatalites. Eu não sei se a gente chegou atrasado, ou numa hora boa mesmo, por ser a continuação da história. Tudo tem seu momento", avalia o percussionista Leo Oroska.

"O Abril Pro Rock é a 'menina dos olhos' da gente. Estamos muito ansiosos, contando as horas, os minutos e os segundos. Vai ser uma experiência muito forte tocar em um dos maiores festivais de música do Brasil. E também coincidiu com o lançamento do disco. Vamos chegar lá e dar o recado", confessa Deco. Coincidência ou não, o fato é que a participação da Ska Maria Pastora no APR é reflexo do bom momento vivido pela banda, que tem planos para realizar shows no exterior, no ano que vem.

O projeto gráfico do disco ficou a cargo do Estúdio Super Terra, responsável pela arte de bandas como Desalma, Feiticeiro Julião, Tagore, Caapora e Caravana do Delírio. "Os caras entenderam mesmo a linguagem que a gente queria passar. Foi um processo lento, incerto, cercado de ansiedade por todos os lados. Mas é uma coisa normal. Ficamos impressionados, e muito felizes com o resultado final, em todos os aspectos", comenta Oroska. O disco está disponível para download na página oficial da Ska Maria Pastora.

COMENTÁRIOS dos leitores