O mundo lúdico de Tarsila do Amaral

Espetáculo "Vila Tarsila" trata com beleza e de forma lúdica o universo da pintora modernista

por Felipe Mendes seg, 14/05/2012 - 12:48

O mundo das formas, cores e seres imaginários da pintora Tarsila do Amaral transformado em dança. Essa é a proposta muito bem executada pela paulista Cia. Druw de teatro, que veio ao Recife para realizar duas apresentações de Vila Tarsila, dentro da programação do festival Palco Giratório, promovido pelo Sesc. O belo espetáculo de dança foi uma opção para mães e filhos neste Dia das Mães, e muitas crianças vieram acompanhadas de suas progenitoras para assistir.

Vila Tarsila é o resultado de nove meses de laboratório e pesquisas em livros sobre a pintora e seus quadros. Guiado por uma Tarsila ainda criança, o espetáculo abarca várias fases da vida da artista, desde sua infância na fazenda, passando por suas viagens pelo mundo, até a maturidade artística. Com delicadeza, o elenco - formado por Adriana Guidotte, Tatiana Guimarães, Bruna Petito, Elizandro Carneiro, Orlando Dantas, Anderson Gouvêa e Luciana Paes (interpretando Tarsila do Amaral) - passeia pelo mundo imagético e por vezes fantástico de uma das mais importantes pintoras brasileiras.

Linguagem ainda quase sempre reservada aos adultos, a dança contemporânea investe pouco no universo infantil e, principalmente, em uma expressão corporal e cênica que seja assimilada e entendida pelos pequenos, como expressa a bailarina Tatiana Guimarães: "A dança comtemporânea é hermética e foi um certo pânico para a gente transformar essa linguagem em algo acessível às crianças". É muito difícil e a responsabilidade é grande", complementa Tatiana Guidotte.

A Cia. Druw faz esse mergulho muito bem, e criou um espetáculo capaz de prender a atenção das crianças a ponto de fazê-las interagir com a cena. Há momentos capazes de causar o riso de forma espontânea nos pequenos espectadores, algo só possível quando há uma conexão capaz de fazê-los entender e reagir ao que acontece no palco. Um momento marcante é quando a pequena Tarsila interage com o Abaporu (quadro mais famosos da pintora, símbolo maior do movimento antropofágico), que surge como um amigo imaginário com quem ela conversa e brinca, e com quem se reencontra ao final do espetáculo.

Há ainda paisagens, viagens, cores e referências a outros seres imaginários criados por Tarsila em sua obra, fazendo de Vila Tarsila, além de um espetáculo tocante, muito bem humorado e belo, um estímulo a se conhecer a obra de uma pintora que deixou sua marca na pictografia brasileira.

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