Jaguaribe Carne e Rivotrill no Palco Instrumental do FIG

Parque Van Der Linden também acolheu show de Chimpanzé Clube Trio

por Felipe Mendes qua, 18/07/2012 - 22:14









São vários os polos de apresentações musicais no Festival de Inverno de Garanhuns, cada um dedicado a diferentes tipos de música. Entre eles, a música instrumental, que tem espaço garantido no Parque Van Der Linden, no Pau-Pombo. Todos os dias, grupos de várias partes do Brasil se apresentam no agradável espaço arborizado do parque e atraem um público considerável em busca de sonoridades e experimentações musicais que vão além do tradicional formato de canção, com harmonia, melodia e letra.

Nesta quarta (18), o Palco Instrumental acolheu as apresentações de Gaimálgama, Rivotrill, Chimpanzé Clube Trio e Jaguaribe Carne. O trio pernambucano Rivotrill apresentou ao público do FIG o show "Pé de Banana-pão", calcado na obra de Luiz Gonzaga, o grande homenageado do 22º Festival de Inverno de Garanhuns. Com sonoridade e formação peculiares, o grupo ressignificou algumas das obras de Ganzagão, como explica o baixista Rafa Duarte: "Desconstruímos algumas coisas da música de Gonzaga para reconstruir do nosso jeito".

A apresentação da Rivotrill contou até com uma referência às famosas histórias que Gonzagão contava em seus shows, que ele dizia ser "para enrolar o público", quando o flautista Jr. Crato incorporou o Rei do Baião e, na hora em que deveria fazer um solo, contou ter encontrado Luiz Gonzaga em sua casa, que lhe deu alguns conselhos, além de reclamar do espetáculo que o trio preparou em sua homenagem. "Você vai pegar o microfone e falar um bocado. Se tiver mentira, melhor ainda, porque o povo adora uma mentira", teria dito Gonzaga ao instrumentista. "Vai passar o tempo do teu solo, você vai entrar no tema da música de novo para terminá-la. O povo ainda vai achar graça e aplaudir. É tiro e queda". Gonzagão estava certo, o público se divertiu e aplaudiu bastante. E Júnior "enrolou" e não fez o solo.

Em seguida, foi a vez da banda paulista Chimpanzé Clube Trio subir ao palco. Com uma formação de "power trio" (Bateria, guitarra e baixo) e pegada roqueira, Luiz Miranda, Felipe Crocco e Ângelo Kanaan aproveitaram a apresentação no Festival de Inverno de Garanhuns para lançar seu terceiro disco - que já havia sido lançado na internet na última Feira da Música de Fortaleza - em suporte físico. O trio aproveita para adiantar para ao LeiaJá que já está com o quarto disco, Coisas passageiras que nunca se esquece, pronto para ser lançado em setembro. "Há muitos anos sabemos do Festival de Inverno de Garanhuns como um festival importante e diversificado", afirma Luiz Miranda, "é uma chance que não se pode deixar passar". "Pra gente tocar aqui é uma consagração também", completa Felipe Crocco.

Para encerrar a programação do Palco Instrumental desta quarta (18), foi a vez da clássica banda paraibana Jaguaribe Carne, mantida pelos irmãos Pedro Osmar e Paulo Ró, desde 1974. Um coletivo artístico e de ação multidisciplinar que impactou a cultura paraibana e de todo o Brasil, teve como participantes artistas do porte de Chico César e Escurinho, investindo cada vez mais na experimentação sonora, sem amarras. "Há alguns anos nossa música tem sido de improvisação livre. Nós provocamos a nós mesmos no palco", explica Pedro Osmar, complementando que "não há nada pré-definido musicalmente" antes do grupo entrar no palco.  

E foi extremo o experimentalismo que soou das caixas sonoras do Palco Instrumental durante toda a apresentação, com intervenções instrumentais e vocais, incidentalismos e sensações sonoras. Para Inah Ribeiro, que veio conferir a programação do Van Der Linden nesta quarta (18), a ousadia ficou clara. "Aqui é legal chegar na primeira música e só sair depois da última", disse.

A programação do Palco Instrumental segue até o dia 21, e começa sempre às 17h. 

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