Alta-costura: Sorbier se inspira em Peggy Guggenheim
Inspirado pela colecionadora de arte Peggy Guggenheim, o francês Franck Sorbier mostrou nesta quarta-feira sua coleção primavera-verão 2013, no terceiro dia de desfiles de alta-costura em Paris, na espera pelas passarelas de Jean Paul Gaultier e do venezuelano Oscar Carvallo.
No teatro do Palais Royal, ao lado dos jardins históricos onde a guilhotina fez suas vítimas, Sorbier levou para a passarela uma dezena de cenários curtos em torno da "alucinante, louca, fascinante" vida da colecionadora de arte americana, que parece um conto.
As criações de Sorbier -provas vivas da grande tradição da costura como arte, com cortes impecáveis que caem no corpo como uma luva- foram nomeadas "Vida Boêmia", "Arte deste século" e "Dança Dada".
Em "Palazzo Venier dei Leoni", citação do belo palácio em Veneza que acolhe a coleção de arte de Peggy Guggenheim -uma das maiores e mais importantes coleções de arte moderna do mundo-, Sorbier apresentou um "vestido morcego" com modelagem em curva e aplicações em cetim vermelho, violeta e preto.
Intitulado "A última Duquesa ("L'Ultima Dogaressa"), o penúltimo look teatral mostrou um vestido de musselina de seda pregueada em preto e branco em referência a Mariano Fortuny, o estilista veneziano de origem espanhola.
Em outro cenário teatral, Sorbier saudou a descoberta por Guggenheim da arte pré-colombiana e africana, com um vestido com bordado e ráfia criado em colaboração com Isabelle Tartière, braço direito do estilista..
O desfile de Sorbier, um verdadeiro artesão da costura que sabe fazer de tudo, dos desenhos até o corte e retoques das peças, como poucos estilistas de hoje em dia, prestou homenagem a grandes artistas do século XX, entre eles o espanhol Joan Miró, em um cenário chamado "Flair", em honra ao "faro artístico" de Guggenheim.
A coleção de Sorbier contrastou com o desfile do libanês Elie Saab, que trouxe para a passarela de Paris 50 looks, todos eles bordados delicadamente com luxuosa pedraria, feitos para celebridades, princesas do Oriente Médio e artistas usarem nos tapetes vermelhos cinematográficos de todo o mundo.
Os desfiles de Alta-Costura, que terminam na quinta-feira, atraíram atrizes como Uma Thurman, Hilary Swank, Diane Kruger e Clémence Poesy, cantores como Kanye West e a canadense Grimes e princesas como Charlene de Mônaco, esposa do príncipe Albert.
Nesta quarta-feira acontece a estreia do venezuelano Oscar Carvallo nos exclusivos desfiles de Alta-Costura de Paris, indústria juridicamente protegida na França, que exige certos critérios, entre eles que as peças sejam únicas e feitas sob medida.
Nascido em Caracas e advogado de formação, Carvallo abriu uma butique em Paris há cerca de cinco anos, após criar sua marca própria de prét-a-portêr em 1997.
Outro destaque do evento são as apresentações de "alta joalheria", feita sob medida por joalheiros famosos, um setor que, assim como a Alta-Costura, está se recuperando graças às fortunas dos países emergentes, como a China.