Prefeitura proíbe realização de "Som na Rural"

Decisão indignou as pessoas que foram à Rua da Aurora para conferir mais o projeto cultural nesta sexta (7)

por Alexandre Cunha sex, 07/02/2014 - 22:44

Falta de comunicação. Esta foi a explicação da Prefeitura do Recife para o impedimento, nesta sexta-feira (7), da realização do Som na Rural, projeto itinerante de cultura organizada por Roger de Renor. Por determinação do Secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, o evento que acontece na Rua da Aurora (próximo à escultura de caranguejo) foi proibido de ser realizado no horário de costume.

“Toda semana vamos lá na Prefeitura para renovar a licença para o projeto. Nesta sexta, quando fomos lá, informaram que as atividades só podiam acontecer até as 18h. Dissemos que era impossível, que o horário era até meia-noite e não tinha condições de alterar. Então, ficou acertado uma conversa posterior, com a Dircon, mas em nenhum momento ficou claro que vindo hoje seríamos tratados deste modo, como invasores”, esclareceu Roger. 

Segundo o produtor cultural, o secretário de Turismo do Recife, Felipe Carreiras, soube do incidente e entrou em contato por celular com o próprio Roger. “Ele informou que o prefeito tomou conhecimento e garantiu que foi um mal entendido. Disse que o Som na Rural da próxima sexta-feira está confirmado, inclusive com o horário ampliado, se quiséssemos”, disse o organizador. 

De acordo com Roger, no projeto consta a informação de que o Som na Rural acontecerá na Rua do Aurora até o dia 21 de fevereiro. Claramente chateado com a situação, o organizador criticou a ação que considerou um atentado contra a cultura do Estado. “Ninguém está preocupado em impedir os camarotes no carnaval, mas um evento cultural de rua sofre esse tipo de investida. Não se pode tratar a cultura assim”, declarou. 

Indignação compartilhada – O sentimento era o de muitos que foram à Rua da Aurora para curtir música e debater temáticas culturais. Na opinião do cineasta Felipe Calheiros, a atitude é “mais um absurdo cometido pela gestão do PSB no Recife. É uma tentativa de amordaçar uma iniciativa de livre promoção da cultura. Estou aqui com dois amigos vindos da Itália e este foi o cartão de visita para o carnaval de Pernambuco”.

Tecladista da banda Eddie, André Oliveira considerou a ação lamentável mais pelo sentimento de privação de liberdade. “Uma banda da Alemanha, o Jazznova, veio se apresentar aqui no evento e nos deparemos com isso. Como explicar isso para alguém de fora?”, questionou. Militante do movimento cineclubista no Estado, Gê Carvalho avaliou a medida como “uma atitude contra a própria história do Recife e de Pernambuco, construída da efervescência cultural das ruas”. 

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