'A Canção da floresta' abre o festival 'É Tudo Verdade'

qua, 02/04/2014 - 13:20

Michael Obert lamenta não estar presente na abertura da edição paulista do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Queria ver como o público brasileiro vai reagir a seu filme premiado no ano passado em Amsterdã. "Louis (o protagonista de 'A Canção da Floresta') é norte-americano e eu tenho a impressão de que um monte de gente no Brasil sonha com o estilo de vida que ele rejeita. Isso poderá despertar reações contrárias."

O É Tudo Verdade de 2014 abre-se na quinta-feira, 3, para convidados em São Paulo e na sexta-feira, 4, no Rio. Será a 19.ª edição do maior evento de documentários no País. Para a abertura em São Paulo, Amir Labaki selecionou o longa de Michael Obert. Numa entrevista por e-mail, o diretor explica-se. "Para mim, uma pessoa sem uma casa de verdade, um caçador de histórias que passou os últimos 20 anos viajando aos confins do mundo, Louis Sarno é a pessoa mais fascinante que já encontrei."

Louis quem? O personagem central de Canção da Floresta é um norte-americano que se apaixonou pela música Bayaka, na África. Casou-se com uma nativa, teve um filho, que leva para conhecer os Estados Unidos. Sente que não tem mais nenhuma ligação com a antiga pátria. "Louis é um grande contador de histórias, mas o mais importante é seu olhar. Não é todo mundo que tem coragem de começar de novo, de se tornar outra pessoa."

Em meados dos anos 1990, Obert viajou de Iquitos a Manaus, pelo rio Amazonas. "A floresta amazônica e a floresta Basin, no Congo, são similares em termos de meio ambiente e também de cultura. Perdê-las seria como perder as raízes de nossa humanidade." E o que é a música Bayaka que seduziu Louis Sarno? "É o som da floresta transformado em música. Aves, insetos, sapos, o som nas folhas, o murmurar dos rios." O diretor explica que filmou mais de 90 horas e que a montagem foi longa.

"Demorou um ano, No final, a música apontou o caminho." Mas não a música Bayaka. "A música clássica preferida de Louis é uma peça medieval composta no século 16 por William Byrd. A velha música religiosa da Europa tocada na floresta. Quando iniciei a montagem, senti que a dramaturgia não me inspirava. Escolhi a liturgia e fui adaptando as imagens aos diferentes estágios da missa de Byrd. O filme celebra a grande missa da natureza." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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