Pernambuco perde Selma, a Rainha do Coco
Cantora estava internada desde o dia 11 de abril devido à uma fratura no fêmur
Selma Ferreira da Silva, de 85 anos, a cantora e compositora "Selma do Coco", internada no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, desde o dia 11 de abril por conta de uma fratura no fêmur, veio a óbito às 16h50 deste sábado (9), depois de uma parada cardíaca seguida por falência múltipla de órgãos.
Selma nasceu em 1935, em Vitória de Santo Antão, zona da mata sul de Pernambuco, de onde aos dez anos de idade, veio morar no bairro da Mustardinha, no Recife. Conheceu o coco de roda com seus pais, ao participar de festas juninas. Selma se casou com um caminhoneiro e teve 14 filhos. Ficando viúva muito cedo, aos trinta anos, no final dos anos 1950, mudou-se com os filhos para a Cidade Alta de Olinda, e se transformou em tapioqueira para conseguir sobreviver. Decidiu, também, combinar a culinária pernambucana com a dança do coco, visando atrair a atenção dos turistas.
Ela foi descoberta pela mídia em meados da década de 1990, quando tinha 64 anos. Começou a ser conhecida, desde então, como Selma do Coco e Rainha do Coco. A Rainha passou a se apresentar em todas as festas populares do Recife, de Olinda, Itamaracá e Itapissuma. Para atender aos pedidos dos fãs, gravava músicas de sua autoria, em fitas produzidas artesanalmente, e vendia o material durante as apresentações. Seu sucesso não tardou a chegar: ela vendeu, também, shows, e viajou para a Europa, com o apoio de um etnomusicólogo alemão. Em terras germânicas, finalizou um disco (ainda inédito no Brasil), só com o coco de roda.
Alguns consideram que 1996 é o ano que marcou o início da ascensão de Selma. Nessa data, ela se apresentou, em um pequeno palco, no Festival Abril pro Rock, em meio à efervescência do Movimento Mangue Beat. Na ocasião, a cantora se destacou bastante, conquistou o público presente e aumentou a legião de admiradores.
Fonte: VAINSENCHER, Semira Adler; Lóssio, Rúbia. A dança do coco. Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Centro de Estudos Folclóricos Mário Souto Maior, n. 304, ago. 2005. (Série Folclore)