Moda kawaii, a estética japonesa que desagrada feministas
O estilo existe há mais de 40 anos no Japão, mas sua expansão internacional alcançou uma nova dimensão com adesões por parte de estrelas americanas
Com suas saias de tule rosa-chiclete, suas rendas e outros floreios, as japonesas propagam uma moda açucarada que conquistou artistas americanos, mas que irrita as feministas.
O estilo popular batizado de "kawaii" (meigo), um adjetivo usado normalmente para crianças, mescla os conceitos tradicionais japoneses de pureza, inocência e a estética das bonecas e mascotes idolatrados, como a gatinha Hello Kity.
Existe há mais de 40 anos no Japão, mas sua expansão internacional alcançou uma nova dimensão com adesões por parte de estrelas americanas.
Katy Perry, Lady Gaga e Ariana Grande fizeram suas esta estática simbolizada no pop japonês por jovens ídolos como Kyary Pamyu Pamyu.
O espetáculo de mulheres com arquinhos de orelhas de gato, saias com volume e camisetas estampadas com doces de morangos ou personagens de desenhos animados não é do agrado do mundo todo.
As feministas ocidentais consideram o estilo brega e infantilizador.
"Disfarçar uma mulher de criança é convertê-la em uma personagem inofensiva, impotente e digna de condescendência", exaspera a colunista do jornal britânico The Guardian Hadley Freeman.
"Uma mulher se vestir como boneca não significa que ela queira que a tratem como se ela fosse uma", contesta Misha Janette, adepta do estilo e apresentadora do programa de televisão "Kawaii international".
Prazer egoísta
Em um país que valoriza o conformismo, esta moda excessiva abre uma janela para a expressão pessoal, afirma, apesar de não estar desprovida de regras.
Janette ilustra também a capacidade dos japoneses olharem para si mesmos e ignorarem os olhares alheios despertados por sua extravagância.
O mundo conhece as ruas de Tóquio por serem refúgio das tribos de moda exageradas, que vão de escolares góticos a princesas de tons pastéis, com uma vontade comum de destacarem-se dos homens de terno escuros e que trabalham em escritórios.
"Quando emerge aqui uma nova estética feminina é mais com o objetivo de ser feliz do que seduzir", afirma Tiffany Godoy, redatora-chefe da revista The Reality Show.
A cantora Momo Ninomiya, com suas meias curtas com babados, saia com estampa floral e laço nos cabelos vai ao bairro de Harajuku, reino de excentricidade na indumentária de Tóquio, para completar sua vestimenta, já bastante adornada.
"Eu aprecio coisas lindas, por isso gosto de me vestir assim", confessa a cantora de 26 anos à AFP.
"Algumas amigas minhas sentem vergonha quando me encontram e eu estou vestida assim, mas não acredito que haja qualquer coisa de ruim neste estilo", afirma.
A redatora de moda Tiffany Godoy toma como retrógradas as críticas feministas. "Este modo de pensar está fora de moda. A forma como as meninas se vestem é lúdica e esta roupa as faz feliz. Desagrada a alguns porque não é uma forma tradicional de se vestir".