Teatro do Parque completa mais um ano de abandono

Em seu aniversário de 101 anos, a festa foi, novamente, substituída por protestos contra o abandono em que o equipamento cultural se encontra

por Paula Brasileiro qua, 24/08/2016 - 13:09
Cortesia/Oséas Borba Neto Dos 101 anos do Teatro do Parque, seis foram de abandono e descaso Cortesia/Oséas Borba Neto

Mais um aniversário sem motivos para comemorar. Assim será esta quarta (24), no Teatro do Parque, que completa 101 anos de história neste dia - seis deles sem nenhuma movimentação artística no equipamento cultural, uma vez que este esá fechado desde 2010 para reformas. No lugar da festa, estão sendo realizados protestos comandados por grupos e artistas que clamam pela volta do funcionamento do lugar, não só na Rua do Hospício - onde está localizado o Parque - como também em parte da Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife.

O sol ainda não havia raiado na capital recifense, nesta quarta, quando integrantes do movimento Guerrilha Cultural e do grupo João Teimoso de Teatro colocaram faixas entre o Colégio São Luiz e a Rua do Hospício, com dizeres que reclamavam a falta de cuidado do poder público com a cultura local. Em seguida, o grupo seguiu para a frente do Teatro do Parque, onde o protesto teria seguimento durante toda a manhã. Em 2015, quando o Parque deveria celebrar seu centenário, estes mesmo grupos realizaram um velório simbólico do cine-teatro em referência ao seu abandono.

Oséas Borba Neto, coordenador do Guerrilha Cultural e diretor do João Teimoso, encabeça a luta pela volta do Parque desde 2012 e já promoveu diversos atos em prol da causa: "Este ano eu abri uma denúncia no Ministério Público de Pernambuco e tivemos duas audiências contra a Prefeitura do Recife (PCR) em relação ao Teatro do Parque - em março e em abril. Na segunda audiência, o promotor mudou a postura com a presença do presidente da Fundação de Cultura. A prefeitura disse que as obras estavam paradas mas que estavam sendo feitas novas pesquisas e levantamentos de restauro, e que o processo em si não estava parado. Tudo aquilo já havia sido dito um ano atrás. Vou cobrar de novo do MPPE", disse. Durante esta manhã, uma equipe da Guarda Municipal foi enviada ao Parque para acompanhar o dia de protestos.

Seis anos de espera

Em 2010, o Cine Teatro do Parque foi fechado para reformas. Em meados de 2015 as obras foram paralisadas e o equipamento cultural segue, desde então, desativado e se transformando num esqueleto abandonado em pleno coração da cidade. Segundo o promotor de Justiça Ricardo Coelho, a paralisação da reforma se deu devido à falta de repasse de verba por parte da PCR à empresa responsável pelo serviço. Após algumas promessas e previsões de entrega que não se cumpriram - a última garantia que o equipamento seria entregue em novembro de 2016 - o local continua em estado de completo abandono. Além disso, denúncias dão conta de que parte do acervo de filmes e alguns objetos do cine-teatro - como dois pianos - teriam sido furtados. 

Procurada pelo LeiaJá, a Prefetura informou, por meio de sua assessoria, que a obra teria sido dividida em duas partes tendo a primeira já sido concluída. "A primeira etapa, já realizada, sanou os problemas encontrados na estrutura da edificação a partir da substituição de toda a cobertura do teatro. Essa etapa resolveu os problemas de infiltrações que comprometia a estrutura da edificação. Foi trocado todo o madeiramento, telha, calhas, rufo, entre outras peças de todas as cobertas. As paredes do teatro estavam estufadas já que as antigas instalações elétricas estavam enferrujadas. Por isso, toda a tubulação das instalações foram substituídas, além dasinstalações hidrossanitárias. Foi revisada também a drenagem de todo o equipamento". 

A assessoria informou também que a partir destes reparos foram reveladas características do teatro encobertas por antigas reformas e que se iniciou uma pesquisa para definir como seria feito um trabalho de restauro: "Foi necessário realizar uma investigação mais aprofundada sobre as características originais do prédio histórico. Esta pesquisa detalhada só podia ser realizada in loco e a partir da obra inicial. A partir disso, foi feito o projeto de restauração em todos os âmbitos. Esta parte será contemplada dentro da segunda fase das obras". Ainda segundo a PCR, o projeto se encontra em fase de captação de recursos para a realização de uma nova licitação que dará seguimento à esta etapa da reforma. Após iniciada a segunda fase, o prazo de entrega do Parque seria de um ano e meio. 

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