Hugo Alex, o Rapper da Boa Vista, busca espaço nas ruas
Músico que investe no Rap Gospel vende seus CDs na Avenida Conde da Boa Vista, em busca de visibilidade e contato com o público
Tudo que engloba a cultura Hip Hop tem como principal elemento a rua. Não a via em si, claro, mas o que simboliza o local de convívio entre as pessoas das grandes cidades, onde os muros viram telas para os grafites e os fatos inspiram as composições. Seguindo essa filosofia, um jovem músico de 23 anos escolheu a calçada de uma das avenidas mais movimentadas do Recife para apresentar seu trabalho ao maior número de pessoas possível.
Hugo Alex, o Rapper da Boa Vista, ganhou esse apelido há oito meses, tempo em que ocupa as proximidades do edifício Duarte Coelho, na Avenida Conde da Boa Vista. É lá onde ele passa o dia, mais precisamente das 8h às 17h, vendendo seu CD, a módicos R$ 5, e conversando com quem passa. “O ponto é bom, dá para vender bem, mas também vou em bares e eventos e, nos fins de semana, nas praias e no Marco Zero”, conta.
O jovem diz que começou a compor quando tinha 15 anos, influenciado por artistas como Pregador Luo, DJ Alpiste e Ao Cubo. A ideia de vender o disco foi copiada de alguns ídolos que, no início de carreira, já tentaram essa iniciativa, como o paulistano Emicida. “Muitos artistas de hoje só pensam em internet, nos likes e visualizações, mas esquece o convívio da rua. É aqui que encontro o público que pode estar no meu show”, afirma.
Tudo posso naquele que me fortalece
O salmo que dá nome ao disco, gravado há quatro anos, deixa explícito o teor das dez faixas que compõem o álbum. A frase “rap consciente” também aparece escrita na capa, mas, mesmo evangélico e se autodenominando “gospel”, Hugo ressalta que não quer que seu som fique preso a um único contexto. “Eu não gosto de rótulos. Tenho fé, creio em Deus, mas o que tento é passar uma mensagem positiva com minha música”, esclarece.
Hugo se divide entra a casa da mãe, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, e a do irmão, em Santo Amaro, área central do Recife. A realidade não é fácil, não tem nada que lembre o glamour dos artistas famosos. “Com a grana das vendas, eu me mantenho e faço mais cópias e, assim, espero que mais gente fique me conhecendo. Ouvi de um amigo que meu CD está com a produção de Rodrigo Faro. Talvez, surga uma oportunidade”, espera.