Blade Runner 2049: vida própria sem esquecer o fanservice
Continuação do filme de 1982 traz Ryan Gosling e Jared Leto no elenco
No mesmo ano em que Ridley Scott voltou com tudo à franquia Alien (iniciada por ele em 1979) com Alien: Covenant, outro longa de seu autoria ganha uma sequência, 35 anos depois de estrear nos cinemas. Mas, dessa vez, Scott fica “só” na produção executiva e deixa a cadeira de diretor para Denis Villeneuve, queridinho de nove entre 10 cinéfilos de hoje.
Mexer com o passado é complicado. Os produtores sabem disso, os fãs sabem disso e, curiosamente, os personagens do filme descobrem isso. O agente K (Ryan Gosling) é um replicante de última geração que caça os antigos modelos, agora, proibidos por lei de existirem.
No início da história, após confrontar um desses antigos exemplares, o protagonista do filme descobre algo que pode mudar a história desse mundo onde a inteligência artificial é parte crucial da vida humana. Falar mais é correr o risco de entregar qualquer spoiler a respeito do roteiro.
O que podemos, e devemos, falar sobre Blade Runner 2049 é que ele é uma obra que reverencia o original de forma competente, algo que muitas vezes uma continuação tardia se esquece de como isso é importante. Porém, a saga do personagem de Ryan Gosling toma caminhos próprios e expande bem a mitologia do seu antecessor.
O que, infelizmente, não o impede de alguns tropeços como personagens poucos desenvolvidos. O maior desses erros é o Niander Wallace de Jared Leto, que mais parece um vilão com poucas motivações, algo incompreensível, já que ele é o atual dono da empresa que assumiu a manufatura dos replicantes, após a falência da Tyrell Corporation, precursora do negócio.
É frustrante, mas não chega a ser algo tão grave. Há várias coisas que soterram as pequenas falhas, como o espetacular designer de produção e a fotografia que deixam o espectador imerso nesse mundo futurístico belo e angustiante ao mesmo tempo. A volta de Harrison Ford é a cereja do bolo e não só um easter egg.
Como último aviso, caso seja necessário, não espere cenas de ação sem propósito. Assim como o longa de 1983, Blade Runner 2049 também é uma história de detetive, com clima noir e tudo, mas a investigação de K nos leva a situações onde é preciso pensar mais do que agir.