Morre o ator francês Michael Lonsdale aos 89 anos

Ator faleceu em sua casa, anunciou seu agente

seg, 21/09/2020 - 15:50
Tiziana FABI (ARQUIVO) Foto de 6 de setembro de 2011 mostra o ator francês Michael Lonsdale chegando para a exibição de Tiziana FABI

O ator Michael Lonsdale, vilão do filme de James Bond "Moonraker", morreu nesta segunda-feira em Paris aos 89 anos, após uma carreira de seis décadas e cerca de 200 papéis.

O intérprete morreu em sua casa, anunciou seu agente Olivier Loiseau à AFP.

Filho de pai britânico e mãe francesa, Lonsdale, reconhecível por sua espessa barba circular, não recebeu, no entanto, seu primeiro grande prêmio até as vésperas de seus 80 anos, em 2011, por seu papel coadjuvante como sacerdote livre e heroico em "Des hommes et des dieux", premiado em Cannes com o Grande Prêmio.

Este católico batizado aos 22 anos transmitiu sua própria fé em muitas ocasiões diante das câmeras, como em "O processo" (1962), de Orson Welles, "O nome da rosa" (1986), de Jean-Jacques Arnaud, e "Ma vie est un enfer" (1991), de Josiane Balasko, em que interpretou o arcanjo Gabriel.

Ele também vestiu seu físico corpulento em outros hábitos: foi policial, assassino, juiz, duque, inimigo de James Bond ("Moonraker", 1979) e expôs as nádegas em cenas sadomasoquistas em "O fantasma da liberdade" (1974), por Luis Buñuel.

Nascido em Paris em 24 de maio de 1931, da relação ilegítima entre um oficial inglês e uma francesa, Lonsdale cresceu em Londres e no Marrocos, onde, em 1942, soldados americanos lhe mostraram os filmes de John Ford, Cukir George Cukor e Howard Hawks.

Ao regressar a Paris em 1947, este aluno preguiçoso, sem sequer um certificado de estudos, conviveu com seu tio Marcel Arland, diretor da revista literária NRF, o que lhe permitiu adquirir uma cultura que até então não lhe interessava.

- Experiências radicais -

Debutou no teatro depois de ser orientado por uma renomada professora, Tania Balachova, que o ajudou a se livrar de sua grande timidez.

Rapidamente, mostrou interesse por experiências radicais, com obras como "Amédée ou como se desembaraçar dele", de Eugène Ionesco, ao mesmo tempo que se tornava ator fetiche e cúmplice de Marguerite Duras, com quem partilhava muitos risos.

Depois de saltar para a tela grande, ele multiplicou os experimentos. Além de Welles, filmou com François Truffaut, Louis Malle e atuou ao lado de Louis de Funès.

Solteiro e sem filhos, Lonsdale também foi um artista, pintor e emprestou sua voz inconfundível a inúmeros documentários e audiolivros, seja de Montaigne, Nietzsche, Proust ou São Francisco de Assis.

Ele se converteu à fé cristã pela influência de uma madrinha cega e, em 1987, ingressou na Renovação Carismática Católica antes de fundar o "Magnificat", um grupo de oração para artistas.

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