Livro discute o papel das redes sociais nas eleições

Em artigo, professores da UNAMA - Universidade da Amazônia e UFPR analisam campanha eleitoral de candidato à prefeitura de Belém que chegou ao 2º turno com o apoio de pessoas influentes nas mídias digitais

ter, 01/06/2021 - 10:44

A eleição em 2020 para prefeito de Belém foi acirrada. A diferença entre o delegado Everaldo Eguchi, alinhado com a direita política, e o professor Edmilson Rodrigues, representante dos partidos de esquerda, foi de apenas 3,52%. O embate era quase uma retomada da eleição de 2018, quando Jair Bolsonaro foi eleito. Tanto o delegado quanto o capitão reformado do Exército não eram de partidos políticos fortes e também tiveram pouquíssimo tempo de propaganda política gratuita. O que explica o desempenho da campanha eleitoral de Eguchi?

Essa foi a pergunta que a jornalista, mestre em Ciência Política e professora da UNAMA - Universidade da Amazônia (UNAMA) Rita Soares e o jornalista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Mário Messagi Júnior tentaram responder no artigo “Ativismo social conservador no processo eleitoral”. O artigo faz parte do livro digital "Eleições 2020: Comunicação Eleitoral na Disputa para Prefeituras", organizado pelo Grupo de Pesquisa Comunicação Eleitoral (CEL) da Universidade Federal do Paraná e lançado durante a 9ª edição do Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica), que ocorreu entre os dias 24 e 28 de maio.

De acordo com a pesquisadora, a campanha de Eguchi foi alavancada pelas redes sociais. A equipe de comunicação do delegado o colocou como uma pessoa que cumpria requisitos dos grupos conservadores. A partir disso, pessoas influentes nesse meio o reconheceram como líder e divulgaram a ideia para seus seguidores.

“Um exemplo foi o pastor Samuel Câmara, da Assembleia de Deus, que vai se apresentar ao lado dele (Eguchi), bater foto com ele, vai anunciar publicamente o apoio. Uma vez que o pastor anuncia, todas as igrejas evangélicas, com exceção da Universal do Reino de Deus, que tinha seu próprio candidato, vão apoiá-lo. Ele passa a ser o legítimo representante dessas agremiações”, disse a profesora Rita.

Para Rita, o artigo mostra a importância das mídias digitais nos processos eleitorais. "Isso a gente já sabia desde 2018, mas novos estudos têm demonstrado como isso ocorre, ou seja, têm comprovado cientificamente, a partir das análises das campanhas, como isso se dá. Não é mais um achismo”, explicou.

A professora esclarece que a fórmula já foi usada antes nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016, que elegeram Donald Trump, e em 2018 no Brasil, quando Jair Bolsonaro foi eleito. Entretanto, essa estratégia deve se popularizar mais nas próximas campanhas, pois está cada vez mais clara a importância do uso das redes sociais para o êxito nas eleições. 

“O horário eleitoral gratuito está perdendo a hegemonia. Agora, o que vai ter um peso cada vez maior é a forma como esses candidatos se apresentam e são apresentados pelos outros nas redes. A gente seguramente pode dizer que ele (Eguchi) foi o que melhor fez uso da ferramenta e esse paradigma deve ser observado por candidatos nas próximas eleições”, afirmou a pesquisadora.

Por Sarah Barbosa. 

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