Desde 2020, o mês de junho deixou de contar com as tradicionais quadrilhas que enfeitavam ruas e ginásios dos Estados brasileiros em festas juninas e festivais, por causa da pandemia do novo coronavírus. Para manter a tradição, uma alternativa encontrada foram as apresentações on-line, que vêm ocorrendo desde 2020, e lives solidárias para angariar fundos para integrantes dos grupos que passam por dificuldades, como fez a quadrilha Tradição Junina, do bairro do Bengui, de Belém, na sexta-feira (4).

Para Wendel Campbell, figurinista e coreógrafo, existe uma ansiedade muito grande para o retorno das atividades de São João, principalmente para aqueles que, assim como ele, tiram seu sustento dessa época. "A expectativa, no meu caso, é imensa, pois vivo da área da cultura desde 1993 e jamais me vi sem esse período. Então, acredito que em 2022 tudo volte ao normal porque me faz falta financeiramente e é ruim ficar sem o estímulo de fazer o que ama", falou.

As apresentações feitas de maneira remota são uma opção que, cada vez mais, vêm ganhando força para que a época junina não passe em branco. "Acredito que seja possível fazer danças e competições de maneira on-line, com um limite de dançarinos e seguindo as recomendações da vigilância sanitária. Dessa maneira, já seria uma forma de aproveitar a data e sentir o gostinho de São João e das festas juninas", finalizou Wendel.

Já para o bailarino e coreógrafo William Quadros, as quadrilhas e o período junino são de extrema importância para a população de uma cidade e para a cultura de todo o Brasil, mas o retorno ainda é temeroso. "A volta da quadra junina traz muita alegria e diversão para todos, e me refiro aos ambientes de trabalho, aos bairros que se enfeitam, aos prédios, à música que contagia até quem não gosta e também para coreógrafos, estilistas e costureiras que conseguem faturar um bom recurso", disse. "Minhas expectativas são boas, porém bem apreensivas em virtude de todo o caos que ainda estamos vivendo no país. E pelo o que eu saiba, muitas quadrilhas não estão ensaiando", completou.

Escrito por Haroldo Pimentel.