Exposição valoriza conceito de moda sustentável
Trabalho da designer Graça Arruda, da grife Madame Floresta, utiliza jeans reciclado como matéria-prima
O curso de Moda da UNAMA – Universidade da Amazônia promoveu na última sexta-feira (18), no Espaço Multiuso da instituição, na unidade Alcindo Cacela, em Belém, a exposição “Revestir”, criada pela designer Graça Arruda. O trabalho tem como objetivo reafirmar o conceito de sustentabilidade na moda.
O projeto foi criado pela designer Graça Arruda, dona da marca sustentável Madame Floresta. A ideia da estilista é reforçar a conscientização da sustentabilidade na moda e mostrar que existe a possibilidade de trabalhar com matérias-primas reaproveitadas.
“A importância desse projeto é exatamente conscientizar de que não se precisa comprar matéria-prima nova, e o que temos pode ser transformado no processo que conhecemos como Upcycling”, diz a professora e coordenadora do curso de Moda da UNAMA, Felicia Assmar Maia.
Mestra em artes pela PPGArtes da Universidade Federal do Pará (UFPA), Felicia Assmar Maia destaca a importância da sustentabilidade no universo da moda, como a proposta de reutilização de jeans usados para a confecção de roupas e outros acessórios. “Para a moda sustentável, ainda existem alguns entraves. Dentre eles é o que as pessoas acreditam que moda sustentável é de segunda qualidade por ser um reaproveitamento”, destaca a especialista.
A moda vem passando por grandes mudanças, fruto de questionamentos sobre o consumo exagerado e predatório pelo ser humano. A sustentabilidade na moda é vista com um conceito amplo e, com a ideia de reaproveitamento, pretende desestimular o descarte de produtos poluidores no planeta.
“Tem o conceito de reutilizar matérias-primas menos nocivas ao meio ambiente, e o conceito do ser humano trabalhando e sendo respeitado e estando de forma produtiva na cadeia de trabalho, de forma digna”, diz a professora Felicia.
O conceito de sustentabilidade na moda não é novo. Existe um movimento, “Fashion Revolution”, que surgiu em 2012 e que agrega o trabalho dos pequenos produtores.
A exposição “Revestir”, assinala Felicia Maia, apresenta jeans que já não tinham mais serventia para as pessoas que os utilizavam. Eles foram transformados em novas peças de roupas e ganham um contexto novo e um conceito de moda e passam a ser um objeto de desejo para as pessoas.
Também chamado de “movimento Slow Fashion” ou “movimento de Maker”, o Upcycling é uma tendência que surgiu nos anos 90 por uma necessidade de inovação e mudança de comportamento. Apesar da origem antiga, o conceito chegou ao Brasil recentemente e tem grandes chances de ficar.
A tendência de buscar formas conscientes de fazer e consumir moda tem revelado a preferência do mercado por produção local e artesanal, no modelo “Slow Fashion”, com matérias-primas menos nocivas ao planeta.
"O processo de Upcycling é o aproveitamento de roupas que seriam descartadas e que ganham uma nova vida. Quando termina o ciclo de vida de uma roupa, ela volta e renasce e passa a ter uma nova história”, afirmou Felicia.
A exposição pode ser vista na UNAMA Alcindo Cacela, no Espaço Multiuso, até 10 de março.
Por Amanda Martins e Clóvis de Senna (sob orientação e acompanhamento de Antonio Carlos Pimentel).