Caike Souza e a geração de cantautores nascidos nas redes
Jovem cantor e compositor pernambucano é um dos representantes de uma cena musical praticamente criada e difundida na internet
Em pleno século 21, as novas gerações já nascem ‘fazendo postagens’ nas redes sociais e é nesse ambiente que se revelam talentos nos mais diversos segmentos. Se no auge da década de 1990 o rock'n'roll ocupava mais espaço nas garagens do que os carros e 'outras tralhas’ - com ensaios de bandas e aspirantes a astros da música -, hoje em dia, é nas plataformas digitais que os novos artistas surgem, dividindo seu desenvolvimento com o público, quase que em tempo real, e criando ao passo que também consomem conteúdo.
Nomes como Bela Maria, Lucas Mamede, Lauro Lopes, Joyce Alane e Caike Souza, por exemplo, são alguns dos novos artistas que compõem essa seara. Em comum, eles têm a pouca idade - algo em torno dos 19 aos 22 anos -; familiaridade com as redes sociais; talento; e uma musicalidade que parece destoar do tom frenético da internet que demanda alta velocidade para tudo. De maneira geral, a música dessa turma é lenta e suave, sempre acompanhada por um violão ou piano, em versões acústicas ou quase isso, que parecem querer levar o seguidor a um outro lugar, distante da loucura desmedida na qual estamos todos mergulhados.
Além disso tudo, esses jovens artistas também compartilham de uma atenção especial aos números de views, likes e outras ações executadas por quem os consome e que são de extrema importância para o desenvolvimento de uma carreira musical nos tempos de hoje. O pernambucano Caike Souza, de apenas 20 anos, por exemplo, chegou a conquistar com um único vídeo mais de três milhões de visualizações em menos de 24 horas. E olha que era apenas uma prévia da canção 'Juliette', lançada em abril do último ano.
Engana-se, porém, quem achar que tal volume de acessos não surpreendeu o jovem cantor e compositor, que havia começado a postar sua produção musical poucos anos antes, em 2018. Embora 'nascido e criado' na internet, Caike revelou ter ficado um pouco assustado com tamanha resposta do público. "Na época, eu tinha 10 mil seguidores e tava acostumado com aquele número. Esse vídeo bateu três milhões de um dia pro outro, foi uma loucura, notificação (chegando) sem parar", disse em entrevista ao LeiaJá.
Quase 12 meses após esse 'boom', os 10 mil seguidores se transformaram em 150 mil, só no Instagram. Por essa plataforma, Caike compartilha vídeos em tom intimista - sempre em preto e branco, detalhe que ele acredita já ter virado sua "marca" -, com versões para canções já bastante conhecidas do público, como 'Espumas ao Vento' (Accioly Neto), 'Paciência' (Lenine), e 'La Belle de Jour' (Alceu Valença). Já nos serviços de streaming, o jovem cantor publica suas composições próprias. A mais recente, 'Eu vi você', foi lançada no final de 2021.
Durante a entrevista, o artista contou que está em um "processo de composição bem intenso" e que seu objetivo é preparar um repertório autoral consistente para mudar um pouco de ambiente. Muito embora o meio virtual tenha sido e seja o solo fértil de sua carreira até então, o que ele mais quer é estar perto do seu público fisicamente. "Muita gente pede por shows e eu não vejo a hora", diz em tom de torcida. Para conhecer melhor o trabalho de Caike basta clicar aqui.