Adidas rompe com Kanye West após comentários antissemitas

"Após uma análise profunda, a empresa tomou a decisão de encerrar imediatamente a colaboração com Ye", declarou o grupo em um comunicado

ter, 25/10/2022 - 17:14
Jean-Baptiste Lacroix O rapper Kanye West, em 9 de fevereiro de 2020 Jean-Baptiste Lacroix

A empresa alemã de artigos esportivos Adidas encerrou sua colaboração com o rapper americano Kanye West, também conhecido pelo nome Ye, após comentários antissemitas feitos pelo polêmico rapper americano.

"Após uma análise profunda, a empresa tomou a decisão de encerrar imediatamente a colaboração com Ye", declarou o grupo em um comunicado.

"A Adidas não tolera o antissemitismo, nem qualquer outra forma de discurso de ódio", acrescentou. Também "deixará de fabricar os produtos" da marca Yeezy do artista. Os fundadores da Adidas eram membros do partido nazista.

A decisão da Adidas "chega com atraso", comentou Josef Schuster, do Conselho Central de Judeus da Alemanha.

Durante muito tempo, a colaboração entre a Adidas e a estrela americana foi uma das mais frutíferas do mundo. Lançada desde 2014, a coleção de tênis Yeezy tem sido um sucesso retumbante e ajudou a tornar Kanye West um bilionário.

As relações entre os dois parceiros se deterioraram, visivelmente, nos últimos meses, como resultado de várias polêmicas protagonizadas pela estrela.

A empresa havia dito no início deste mês que estava revisando seu relacionamento com West, depois que ele apareceu em um desfile de moda em Paris vestindo uma camiseta estampada com "White Lives Matter" (vidas brancas importam, em tradução livre). A frase é uma reação de grupos de extrema direita e supremacistas brancos nos Estados Unidos ao movimento antirracista "Black Lives Matter".

Depois, West foi banido do Twitter e do Instagram por publicar uma mensagem ameaçadora contra a comunidade judaica.

Anúncio da GAP

O anúncio da Adidas foi seguido hoje pelo da empresa americana GAP, que disse estar tomando "medidas imediatas para retirar o produto Yeezy GAP de suas lojas, além de fechar o yeezygap.com.

A agência CAA, representante de Kanye West e uma das mais importantes de Hollywood, anunciou ontem que também o abandonava.

A produtora MRC cancelou um documentário quase finalizado sobre o rapper. "Não podemos apoiar nenhum conteúdo que aumente sua audiência", declarou ao jornal "Los Angeles Times". A marca de moda Balenciaga também rompeu sua colaboração com o artista.

O rapper diz sofrer de um transtorno de bipolaridade por conta de seu divórcio com a estrela americana Kim Kardashian.

"Os discursos de ódio nunca são aceitáveis, ou perdoáveis", disse sua ex-esposa no Twitter e no Instagram, se mencionar West.

Prejuízo para a Adidas

Ao lado de celebridades como Beyoncé, Stella McCartney e Pharrell Williams, Kanye West foi uma das estrelas com quem a Adidas criou colaborações para seduzir sua clientela.

O fim da coleção Yeezy terá "um impacto negativo de até 250 milhões de euros no lucro líquido da empresa em 2022", alertou o grupo.

A Adidas ressaltou que é "a única proprietária de todos os direitos de design dos produtos existentes (...) no âmbito da associação", antecipando uma possível batalha judicial.

As vendas dos famosos tênis ultrapassaram US$ 1 bilhão em 2019, segundo a revista Forbes.

Kanye West também apresentou oito coleções de roupas Yeezy, as últimas consideravelmente menos bem-sucedidas.

O divórcio entre a Adidas e o rapper é um novo golpe para a empresa alemã, que já revisou para baixo seus objetivos anuais, devido a um faturamento afundado pela política de "covid zero" na China e à queda do poder de compra nos mercados ocidentais.

Após o anúncio, a ação da Adidas caiu na Bolsa de Frankfurt e fechou em baixa de 3,2%.

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