Noite dos Tambores Silenciosos atrai público diverso
Além de foliões locais, a celebração chama a atenção de turistas.
A cerimônia da Noite dos Tambores Silenciosos teve início no Pátio do Terço, no Recife, nesta segunda-feira (20), e arrastou um público diverso, como é sua característica, para prestigiar as celebrações do sincretismo religioso.
É o caso da antropóloga Julia Mistro, natural de Porto Alegre (RS), e que veio prestigiar os desfiles das nações pela primeira vez. A surpresa tem sido a cada minuto, e as expectativas antes do início dos desfiles estavam altas.
“Eu já tinha alguma expectativa, era meu sonho. Eu tinha sonho de ver um caboclo de lança, tinha sonho de ver o Estrela Brilhante [desfilar], de ver as nações de maracatu tocando. É tudo sensacional, muito além do esperado”, contou.
Conhecendo o novo
Julia já tinha ouvido falar da Noite dos Tambores Silenciosos por meio de vídeos na internet, mas ela percebeu que nada se compara com o evento ao vivo. “Ver batuqueiro, batuqueira, mestre, mestra vivendo tudo isso em uma dimensão muito grande. É muito diferente para mim, que venho do extremo sul, e é importante ter o entendimento de todo um tempo passado.”, ela compartilhou.
Reforçando as origens
Entre os prestigiadores da celebração é comum encontrar famílias reunidas para fortalecer os laços ancestrais. É o caso de Natália Nascimento e Rai France, quem vêm todos os anos com seus filhos e parentes para festejar sua religião. “Reviver nossos antepassados e poder estar aqui comemorando depois de dois anos sem. Queremos refazer esses anos em uma noite”, conta Natália.
A designer de unhas é de religião de matriz africana, do Terreiro de Oyá de Chicão, do bairro da Mangueira. Ela vê a Noite como um espaço de acolhimento de quem é e também de quem não é de nenhuma religião. “Aqui é um espaço para todos, mas quem vem sabe porque está aqui”, explica.
Segundo Rai, os toques de tambor celebram Exu, orixá que abre os caminhos. “Ele é o dono da rua”, comenta.