Made in Porto

Rômulo, Josué, Araújo. O gavião de Caruaru vem desbancando os times de capital quando o assunto é revelar jogador

por William Tavares dom, 15/07/2012 - 11:33

No final de junho, Rômulo, ex-Vasco, foi anunciado como novo reforço do Spartak de Moscou, da Rússia. O volante da seleção brasileira foi vendido por cerca de R$ 20 milhões, com 50% desse valor indo para os cofres do clube cruz maltino. Um grupo de empresários do atleta piauiense ficou com 25% e o Porto, clube que o revelou, com os outros 25%. Com essa verba, o Gavião recebeu cerca de R$ 5 milhões, sendo, mesmo que de forma indireta, a equipe pernambucana que realizou a maior transação do estado. Surpreendente? A história mostra que nem tanto assim.

É inegável que o clube caruaruense nunca conseguiu faturar um pernambucano (bateu na trave em 1997 e 1998, com dois vice-campeonatos). Mas o Porto se tornou uma instituição voltada para um fim diferente: a formação de jogadores. A relação custo /benefício é o segredo para que a equipe tenha conseguido revelar atletas que hoje se destacam em cenário nacional.

Todo Gavião que se preze sabe que o mais importante é proteger o seu ninho. Considerado um dos melhores centros de treinamento do Nordeste, o Ninho do Gavião, localizado na margem da rodovia BR-232, é o lar das promessas caruaruenses. Com estrutura formada por cinco campos com gramados, sala de musculação e departamento médico, a área foi erguida com o dinheiro das negociações dos pratas-da-casa.

Antes de Rômulo, outros dois jogadores formados no clube já tinha atingido a seleção brasileira. O atacante Araújo, hoje no Náutico, começou nas categorias de base do clube. Vendido ao Goiás em 1997, foi seis vezes campeão goiano e uma vez da Série B de 1999. Em 2005, foi eleito pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) o maior artilheiro do ano, ao marcar 33 gols em 33 jogos pelo clube goiano.

Depois se transferiu para o futebol japonês até voltar ao País, vestindo a camisa do Cruzeiro. Na raposa, uma lesão tirou por oito meses o atleta dos gramados e atrapalhou sua continuação no clube. Em 2007, foi se aventurar no Catar, jogando no Al-Gharafa, permanecendo lá até 2010, quando voltou ao Fluminense, último time que atuou antes de ser contratado pelo Náutico.

Outra cria do Gavião que teve caminho parecido foi Josué. O volante também saiu do Porto direto para o Goiás, onde ganhou reconhecimento nacional, chamando atenção do São Paulo. Campeão brasileiro e da Libertadores pelo tricolor, ganhou vaga também na Seleção Brasileira, participando da Copa América de 2007 e da Copa do Mundo de 2010. Antes disso, o pernambucano já tinha passado pelas categorias de base do canarinho, em 1999. Atualmente, o jogador está no Wolfsburg, da Alemanha, onde foi campeão alemão na temporada 2008/2009.

Outros destaques recentes revelados pelo clube foram Elicarlos, volante que atua no Náutico e já teve passagem pelo Cruzeiro; Caio Vinicius, atacante de 22 anos que passou pelo Coritiba e que assinou recentemente com o Feirense, de Portugal e o zagueiro Marcos, que atuou no PSV, da Holanda, Sporting, de Portugal, além de grandes clubes brasileiros como Vasco e Atlético mineiro. O último “filhote” do ninho do gavião a alçar voos foi Jefferson Renan, negociado com o Internacional.

Esse é o lema do Porto. Investindo nas divisões de base, o clube espera continuar com a fama de revelar bons jogadores, “abocanhando” alguns milhares ou milhões de reais. O futebol pernambucano e caruaruense agradece. Que venham os próximos Araújos, Josués, Rômulos...

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