MP pede e polícia do Rio investiga Ricardo Teixeira
Ele estaria sendo investigado pelos crimes de falsidade ideológica, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão fiscal
A Polícia Civil do Rio começou investigação para apurar supostos crimes cometidos pelo ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. A ação partiu de uma solicitação do Ministério Público Estadual (MP-RJ) e envolve denúncias de irregularidades acerca do amistoso entre Brasil e Portugal, em novembro de 2008, na reinauguração do estádio Bezerrão, no Gama (DF). Teixeira estaria sendo investigado pelos crimes de falsidade ideológica, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão fiscal.
A investigação, ainda em fase preliminar, começou há pouco mais de um mês na 16ª delegacia de Polícia (DP), na Barra da Tijuca, motivada por um procedimento preparatório de inquérito civil encaminhado pelo MP-RJ. A 7ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal do MP pediu à polícia para fazer diligências, levantar sócios de empresas que poderiam ter alguma relação com os supostos crimes e colher depoimentos.
O titular da 16ª DP, Carlos Henrique Pereira Machado, confirmou a investigação, mas não quis dar entrevista. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, a apuração está na fase de comunicação às empresas. A Polícia nega que já tenha começado a colher depoimentos. Mas a reportagem tem informação de que duas pessoas já compareceram à delegacia para depor.
O amistoso entre Brasil e Portugal já rendeu uma ação no Distrito Federal, movida pelo Ministério Público do DF depois de investigação da polícia civil local. O processo tramita no Tribunal de Justiça do DF.
O MP-DF constatou superfaturamento de R$ 1,1 milhão da empresa Ailanto, contratada para organizar o jogo, que recebeu sem licitação R$ 9 milhões do governo do DF. Os sócios da empresa são o presidente do Barcelona e amigo de Teixeira, Sandro Rosell, e sua secretária, Vanessa Precht. Rosell foi executivo da Nike e fechou com Teixeira o contrato que deu início à parceria entre a empresa e a CBF, em 1996.
Em julho de 2009, o MP-DF ajuizou ação civil pública por improbidade administrativa contra o então governador José Roberto Arruda, o então secretário estadual de Esporte, Agnaldo Silva de Oliveira, e a Ailanto. Segundo a ação, o contrato entre a empresa e o governo para a realização do amistoso foi assinado uma semana antes da partida, "quando todas as tratativas para o jogo já estavam obviamente consumadas, porque não é com uma antecedência de sete dias que se consegue trazer a seleção brasileira".
Entre as irregularidades apontadas pela polícia, estava o superfaturamento das diárias de hospedagem das delegações brasileira e portuguesa, e até do voo fretado que transportou Cristiano Ronaldo e demais jogadores de Portugal. O jogo foi vencido pelo Brasil por 6 a 2.
Na ação, o MP-DF pede ressarcimento integral dos R$ 9 milhões pagos pelo governo do DF. Segundo a promotoria, mesmo tendo recebido o dinheiro, a empresa não arcou com todas as obrigações previstas no contrato.
A sede da Ailanto fica no Rio, no Leblon, e foi alvo de buscas da polícia do DF em agosto de 2011, durante a operação Balder II.
Em março deste ano, Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014. Desde então, ele mora em Miami (EUA). A reportagem procurou seu advogado, que não retornou as ligações.