Entre revelações e vácuos, Kuki avalia 'tragédia' de 2005
Mesmo discretamente, ex-atacante fala sobre recuperação dos timbus, polêmicas lançadas pelo Grêmio e destaca opiniões sobre partida que marcou a história do futebol
Ao que parece, a ferida aberta no dia 26 de novembro de 2005, na Batalha dos Aflitos, ainda dói naqueles que fazem o Náutico. Diante dos 10 anos daquele episódio que marcou o futebol, os funcionários do clube, incluindo seus atletas, foram ‘blindados’ para entrevistas sobre o tema. Mas o ex-atacante Kuki, último grande ídolo Timbu e um dos que participaram do fatídico duelo contra o Grêmio, concedeu entrevista ao Portal LeiaJá, e falou sobre o assunto. Falou pouco, é bem verdade. Com respostas evasivas. Mas não deixou de se pronunciar.
Após justificar que não se prolongaria nas respostas por se tratar de um assunto que considera “enterrado”, Kuki começou a abrir o baú, discretamente, e falou sua primeira impressão ao lembrar daquele dia. Para o baixinho, o principal ponto foi a rápida recuperação dos alvirrubros na semana seguinte ao duelo, embora tenha ficado “cada um com sua tristeza”, como disse o antigo camisa 11 dos Aflitos.
“Eu sequer me lembro direito do que aconteceu naquele dia. Foi há 10 anos!”, despistou Kuki, mas retomou o assunto. “Quem vive de futebol sabe que esse tipo de situação acontece. Trabalhamos para superar o ocorrido, sem ficar remoendo o assunto. Na segunda-feira seguinte ao jogo (a partida foi disputada num sábado), todos voltaram a trabalhar normalmente, sem clima pesado na delegação”, disse o atual auxiliar técnico alvirrubro.
Mesmo sem querer detalhar suas respostas, Kuki foi enfático ao ser perguntado sobre uma possível rivalidade criada com Grêmio, em decorrência da Batalha dos Aflitos. “Meus rivais são apenas Sport e Santa Cruz”, garantiu, revelando seu apêgo absoluto ao Timbu – vale lembrar que o ex-goleador já defendeu a Cobra Coral, no ano de 2007.
RECEPÇÃO POLÊMICA – De acordo com os gremistas entrevistados pela reportagem do Portal LeiaJá, o capitão da época, Sandro Goiano, e o goleiro Galatto, que defendeu o pênalti que salvou os tricolores, a delegação sulista foi recebida sob xingamentos e ‘armadilhas’ nos Aflitos. Os atletas contaram que o ônibus deles não pôde entrar no clube, de forma que o time precisou passar num corredor montado entre os torcedores do Náutico.
Sandro e Galatto também afirmaram que, ao chegarem no vestiário, as paredes estavam recém-pintadas, com forte cheiro de tinta fresca. Além disso, disseram que foram impedidos de aquecer no gramado. Segundo eles, o portão de acesso ao campo estava trancado e soldado, e no caminho de acesso, a polícia fazia barreira para bloquear a subida da equipe para o campo. Essas informações também constam no documentário “Inacreditável – A Batalha dos Aflitos”, gravado dois anos após o confronto.
Perguntado se havia tomado conhecimento sobre algum desses relatos, Kuki deixou escapar que sim, mas logo tratou de abafar o tema. “Chegou a mim, mas é assunto enterrado. Não vem ao caso falar disso agora. Não quero remoer esses fatos”, resumiu.
DEIXOU PARA O GAROTO – Finalizando a entrevista, Kuki foi perguntado sobre uma questão que até hoje deixa muito alvirrubro ‘encucado’. Naquela época, o baixinho era o principal ídolo do Timbu e um dos mais experientes do time, com 34 anos de idade. No entanto, quem bateu o pênalti defendido por Galatto e que fez os alvirrubros sucumbirem foi o então lateral-esquerdo Ademar. O canhoto era 10 anos mais novo, tinha indiscutivelmente menos responsabilidade e ainda uma experiência quase nula nas cobranças. Fica a pergunta: por que o baixinho não chamou a responsabilidade? Ele despistou: “Esse assunto já passou. Já faz muito tempo daquele dia. Não temos motivos para ficar falando disso”.
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