Jovens de projeto social se destacam nos Jogos Escolares

Garotas que defendem o time de basquete do Colégio 2001 provam, em quadra, mudança na vida por meio do esporte

por Rodrigo Malveira ter, 27/09/2016 - 13:50
Terni Castro/Divulgação/Seturel-PE Time do Colégio 2001 nos Jogos Escolares é formado por dez garotas do projeto social Nosso Clube Terni Castro/Divulgação/Seturel-PE

Nos Jogos Escolares da Juventude Mirim que estão sendo realizados em João Pessoa, na Paraíba, algumas meninas têm dado a mostra da transformação que o esporte pode proporcionar na vida dos jovens. O grupo de garotas faz parte do elenco de basquete do Colégio 2001. Elas são bolsistas e provenientes de um projeto social ligado a modalidade. Ao todo, são dez jovens que participam da iniciativa ‘Nosso Clube’, desenvolvida no bairro da Torre e que se destacam na competição escolar levando a equipe a ser uma das favoritas ao título brasileiro.

As atletas Eduarda Oliveira, de 13 anos; Mayanne Silva, de 13 anos; Thaissa Santos, de 13 anos; Alice Cavalcanti, de 13 anos; Marília Santos, de 14 anos; Mariana Medeiros, de 12 anos; Milena Muniz, de 14 anos; Mayara Silva, de 14 anos; Marcela Nascimento, de 14 anos; e Larissa Guimarães, de 14 anos, integram a ação realizada há dez anos e que oferece bolsas de estudo em colégios particulares para jovens carentes. Mayara Silva reconhece a grande oportunidade de transformação que o esporte lhe ofereceu de não seguir para um caminho diferente na vida. “Antes de entrar no basquete, eu ficava na rua e só via as meninas perdidas, nas drogas. Minhas amizades eram de risco e a maioria hoje está grávida. O basquete me ajudou a ter responsabilidade, entrar em uma escola boa, ter disciplina. Se não fosse por ele, eu provavelmente estaria em outro caminho”, declara a garota que viu histórias bem diferentes dentro da própria casa. “Minha irmã, por exemplo, seguiu o caminho errado e hoje tenta se reerguer. Sei que é difícil a vida de atleta, mas me esforço o máximo porque quero dar orgulho a minha mãe”, complementou.

Eduarda Oliveira endossa o discurso da companheira de time. “Estudava em escola pública e minhas amizades não eram legais. Se eu continuasse assim, estaria perdida. Quando cheguei no projeto, as meninas me receberam como irmãs, e é assim que as vejo. Agora, onde moro, no Vasco da Gama, o pessoal me vê como um espelho, muita gente quer ir para o projeto. E eu procuro dar dicas para essas meninas, ser uma influência boa”, ressaltou a pequena atleta de apenas 13 anos.

Esta não é a primeira vez que o colégio investe em atletas advindas do projeto social, e os resultados sempre foram positivos para a equipe que em edições passadas dos Jogos Escolares conquistou os títulos nacionais da segunda divisão em 2013, em Natal-RN (Mirim), e em 2015, em Londrina-PR (Infantil). “A iniciativa do projeto começou a ter essa conotação de competição há cinco anos e, desde então, conseguimos levar nossas equipes para os Jogos Escolares da Juventude consecutivamente nas categorias mirim ou infantil”, destacou o treinador Mário Ramires, que esteve presente nas duas conquistas.

Funcionando como ponte entre o projeto e a participação das meninas em quadra, o técnico revela a expectativa por conquistas neste ano, principalmente depois das garotas terem participado de uma competição sul-americana. Porém, mais do que isso, torce para que elas se deem bem também fora das quadras. “Acabamos de disputar um encontro sul-americano de basquete em Novo Hamburgo-RS, que foi importante para elas sentirem o clima forte de competição. Este ano vamos brigar para estar entre os primeiros lugares”, almejou Mário. “Contudo, sinceramente, troco todos os títulos se qualquer uma delas passar em uma universidade pública. A maior satisfação é essa”, finalizou o comandante. As garotas ainda estão invictas na competição e neste segunda-feira (26) venceram o time do Colégio Ari de Sá Cavalcante, do Ceará, por 51 a 7.

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