Campeonato Chinês desta temporada atinge novo patamar
Impulsionado pela contratação de brasileiros que estavam na Europa, como Oscar (Chelsea), Alexandre Pato (Villarreal) e Hernanes (Juventus), foram investidos 388 milhões de euros na janela de transferências
A temporada de 2017 do Campeonato Chinês começa nesta sexta-feira (3), com o jogo entre Guizhou Zhicheng e Liaoning, em um outro patamar. Impulsionado pela contratação de brasileiros que estavam na Europa, como Oscar (Chelsea), Alexandre Pato (Villarreal) e Hernanes (Juventus), foram investidos 388 milhões de euros (cerca de R$ 1,27 bilhão) na janela de transferências, aumento de 13% em relação ao ano passado. Os valores são maiores do que qualquer liga na Europa e representam o investimento de Alemanha, Itália e Espanha juntas.
É necessário considerar que o mercado europeu é menos agitado na janela desta época do ano, já que os campeonatos estão em andamento. Mas os números não podem ser ignorados. Nem sequer a mudança na regra do torneio inibiu o apetite dos clubes chineses - apenas três estrangeiros podem jogar juntos, embora o elenco possa contar com cinco.
O Shanghai SIPG investiu 60 milhões de euros (aproximadamente R$ 196 milhões na cotação atual) apenas na contratação de Oscar, que estava no Chelsea, da Inglaterra. O clube é da Shanghai International Port Group, operadora de todos os terminais do porto de Xangai. A segunda maior contratação da temporada também foi proveniente do Campeonato Inglês, o torneio mais valioso do mundo. O nigeriano Ighalo, destaque do Watford e que era cobiçado por gigantes europeus, custou 23 milhões de euros (cerca de R$ 75,2 milhões) ao Changchun Yatai. O dinheiro é do Yatai Group, um conglomerado de empresas que atua na fabricação de cimento, mineração de carvão e produtos farmacêuticos, entre outros ramos.
Os chineses, no entanto, ainda não conseguem seduzir os grandes astros. O português Cristiano Ronaldo, por exemplo, recusou proposta para ganhar R$ 940 mil por dia. O inglês Wayne Rooney, do Manchester United, foi outro que recusou, pelo menos neste primeiro momento, jogar na China.
O clube que mais investiu foi o Hebei Fortune, que tem como dono o empresário Wang Wenxue, da China Fortune Land Development, que investe na construção de parques industriais. Foram gastos 77,7 milhões de euros (cerca de R$ 254 milhões), sendo 8 milhões de euros (algo em torno de R$ 26,1 milhões) com o brasileiro Hernanes, que estava na Juventus, da Itália. A equipe também investiu no mercado interno ao contratar o chinês Chengdong Zhang, do Beijing Guoan, por 20,4 milhões de euros (cerca de R$ 66,7 milhões), terceira negociação mais cara da janela.
Recém-promovido à elite, o Tianjin Quanjian, administrado pela farmacêutica Quanjian Natural Medicine, investiu 72,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 237 milhões) e ficou na segunda colocação. Os principais reforços foram o belga Witsel, do Zenit, por 20 milhões de euros (cerca de R$ 65,4 milhões), e o brasileiro Alexandre Pato, do Villarreal, por 18 milhões de euros (algo em torno de R$ 58,9 milhões), o quinto na lista.
Diferentemente da temporada passada, desta vez o futebol brasileiro foi praticamente poupado pelo dinheiro da China. Apenas o atacante Marinho, do Vitória, deixou o Brasil em definitivo, em um negócio de 5 milhões de euros (cerca de 16,3 milhões). Ele vai defender o Changchun Yatai. Hyuri, do Atlético-MG, foi negociado por empréstimo com o Chongqing Dangdai. Em 2016, o Corinthians sofreu um verdadeiro desmanche, perdendo Renato Augusto, Gil e Jadson para o futebol chinês.
Apesar disso, os brasileiros são maioria no Campeonato Chinês. Dos 505 jogadores do torneio, segundo o site Transfermarkt, 82 são estrangeiros, sendo 24 brasileiros. Apenas seis equipes das 16 não contam com um representante do País. É mais do que o dobro do segundo colocado, os sul-coreanos, com 11. Em comparação com os principais torneios na Europa, o número é superior a França (19), Alemanha (15) e Inglaterra (13). O recorde é em Portugal, com 123. Na Itália são 36, enquanto, na Espanha, 25.
Dono dos últimos seis títulos, o Guangzhou Evergrande, do técnico Luiz Felipe Scolari, é novamente o favorito. Mas Felipão prevê muita dificuldade para confirmar o hepta. "Muitos clubes contrataram bons jogadores e alguns têm mais chance de ganhar", comentou o treinador. Ele cita os times de Xangai, o Shanghai SIPG, de Oscar e Hulk, e o Shanghai Shenhua, com Tevez e Oba Oba Martins, além do Jiangsu Suning, o Hebei Fortune e o Shandong Luneng.
O argentino Tevez, aliás, terá o maior salário da liga. O atacante, que trocou o Boca Juniors pelo Shanghai Shenhua, receberá R$ 2,5 milhões por semana, ou cerca de R$ 129 milhões por ano de contrato com os chineses - assinou por duas temporadas.
A expectativa é para o aumento de público nos estádios. De 2015 para 2016, o crescimento foi de 8,8%. As partidas serão exibidas para mais de 60 países. A Tiao Power é dona dos direitos de transmissão, que foram comprados por US$ 1,26 bilhão (R$ 4,96 bilhões) pelos próximos cinco anos. No Brasil, o canal a cabo BandSports transmitirá o campeonato pelo segundo ano consecutivo. A primeira partida com transmissão ao vivo desta edição da competição será entre Guangzhou R&F e Tianjin Quanjian, às 4h30 (horário de Brasília) de sábado.