Após demissão de Emily, rebelião atinge seleção feminina
A demissão rendeu muitas críticas de torcedores nas redes sociais e agora algumas atletas também decidiram protestar, anunciando publicamente que não jogarão mais pelo Brasil
A demissão da técnica Emily Lima do comando da seleção brasileira feminina abriu uma crise na equipe nacional. Três jogadoras anunciaram que não vestirão mais a camisa da equipe e outras prometem seguir o exemplo. Além de prestar solidariedade à treinadora, as atletas apontam falta de amparo e de planejamento da diretoria da CBF e até mesmo apadrinhamento em antigas convocações.
A treinadora caiu após duas derrotas em amistosos realizados na Austrália. Ao todo, Emily Lima comandou o Brasil em 13 jogos, conquistando sete vitórias, um empate e cinco derrotas. Em 10 meses de trabalho à frente da equipe, teve um aproveitamento de 56,4%.
Emily Lima foi a primeira mulher a assumir a seleção feminina. Ela foi anunciada no fim do ano passado após a demissão do técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, que retornou ao cargo agora. A queda da treinadora começou a ganhar força nos bastidores quando a seleção ainda estava em solo australiano, o que fez o elenco escrever uma carta ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, pedindo a permanência de Emily. O apelo não convenceu o cartola.
A demissão rendeu muitas críticas de torcedores nas redes sociais e agora algumas atletas também decidiram protestar, anunciando publicamente que não jogarão mais pelo Brasil.
A atacante Cristiane, uma das principais jogadoras do time, foi a primeira. "É a decisão mais difícil que tomei na minha vida profissional até hoje", declarou a atleta em vídeo publicado no Instagram. "Mas eu não vejo outra alternativa, por todos os acontecimentos e por coisas que já não tenho forças para aguentar".
O exemplo de Cristiane foi seguido nesta quinta-feira por outras duas jogadoras. A meio-campista Fran foi direta. Ela afirmou que não vestirá mais a camisa da seleção pelo fato de a "comissão técnica ter sido despedida da forma que foi" e por Vadão ter sido recontratado.
"Tudo que passei na (seleção) permanente, todo esforço que dei... e chegando na hora H não foi o suficiente. Eles acabaram levando meninas lesionadas para o Mundial, meninas que estavam sem treinar, meninas levadas só por amizade porque não chegaram nem a utilizar. Isso para mim foi demais", disparou a jogadora.
A lateral Rosana, que tem 18 anos de seleção, também decidiu deixar a equipe. "Sinto que as atletas não têm voz e querer expor um ponto de vista mexe com a vaidade e ego de muitos", declarou.
Apontado como responsável pela saída da técnica, o coordenador da seleção feminina, Marco Aurélio Cunha, explicou que a queda passou por desempenho e conduta. "A troca sempre é dura, triste e incomoda muita gente, mas essa foi uma decisão da CBF em função dos últimos resultados. Ela tem toda capacidade e mérito, talvez só falte um pouco de maturidade", disse o dirigente ao canal FOX Sports. Pouco depois, completou: "Não há ninguém que possa dizer que eu desrespeitei qualquer atleta".
IMPACIÊNCIA - A demissão de Emily Lima foi a sétima de um treinador desde que Marco Polo Del Nero assumiu a CBF, em abril de 2015. Alexandre Gallo caiu da sub-20, Caio Zanardi deixou a sub-17 e Cláudio Caçapa perdeu a sub-15. Dunga foi demitido no ano passado após o vexame da seleção principal na Copa América Centenário; Vadão, após não levar a seleção feminina à medalha na Olimpíada do Rio-2016. No início deste ano, Rogério Micale caiu com o fracasso a seleção sub-20 no Sul-Americano.