Coronavírus leva a 'êxodo' dos times da China

Os campeonatos estão paralisados por tempo indeterminado e os clubes treinam em outros países ou até liberaram o elenco

ter, 18/02/2020 - 07:48
PHILIP FONG/AFP PHILIP FONG/AFP

O surto de coronavírus que atinge a China tem causado indecisão no futebol local. Os campeonatos estão paralisados por tempo indeterminado e os clubes treinam em outros países ou até liberaram o elenco. Os jogadores passam por exames médicos diários, em uma rotina que gera angústia e atrapalha o planejamento para a temporada. Dos 16 clubes da Primeira Divisão, 13 estão treinando fora da China. Os outros três deram folga a seus atletas.

O meia Renato Augusto atualmente está na Tailândia com os companheiros do Beijing Guoan. O elenco fazia pré-temporada na Espanha quando o surto de coronavírus teve início na China. Desde então, os jogadores não retornaram ao país. "Vamos ver como estará a situação na China mais para a frente. Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer. Em princípio, os campeonatos por lá estão adiados por tempo indeterminado", disse Renato Augusto ao Estado.

Mesmo fora da China, as equipes convivem com o medo de contágio. O Beijing Guoan, por exemplo, só pode fazer amistosos na Tailândia se o elenco passar por exames antes de entrar em campo. O Chongqing Lifan teve dois amistosos cancelados pelos adversários. Já o Manchester United, da Inglaterra, mudou de hotel na Espanha para não ficar hospedado no mesmo lugar do Dalian Yifang.

O Guangzhou Evergrande é um dos clubes que liberaram seus jogadores, e o meia Talisca e o atacante Elkeson aproveitaram para retornar ao Brasil. Talista treina por conta própria, enquanto Elkeson mantém a forma física no Vitória. No último fim de semana, o Shanghai SIPG dispensou o elenco da pré-temporada em Dubai. O atacante Hulk veio ao Brasil e domingo foi ao Allianz Parque para acompanhar a partida entre Palmeiras e Mirassol.

O brasileiro José Jober, preparador de goleiros do Chongqing Lifan, conta que o time está em Okinawa, no Japão, desde 28 de janeiro. A previsão inicial era retornar para a China no último dia 14, mas a viagem de volta não tem data. O que está certo é apenas que o período de treinos no Japão vai ser ampliado pelo menos até o dia 26.

"É ruim trabalhar sem uma direção, sem uma previsão. Nós, que trabalhamos com esporte de alto rendimento, sempre temos que nos planejar. Por exemplo, tínhamos planejado três amistosos aqui no Japão, mas duas equipes desmarcaram. Não podemos afirmar o real motivo da desistência, mas talvez o receio de expor seus jogadores contra uma equipe que veio da China", conta Jober.

No Japão, o elenco Chongqing Lifan é monitorado de perto. "O médico do clube e sua equipe diariamente verificam se estamos com febre e fazem o controle e monitoramento. Usamos máscara quando saímos do hotel e tomamos os cuidados de higiene. "Em todos os lugares tem álcool gel", disse.

A epidemia do coronavírus ainda pode causar mais mudanças envolvendo jogadores e clubes da China. No domingo, Marcelo Moreno foi anunciado pelo Cruzeiro após ter rescindido contrato com o Shijiazhuang Ever Bright. O jogador tinha vínculo por mais dois anos e abriu mão de cerca de R$ 50 milhões que tinha a receber. O surto de coronavírus pesou na decisão do atacante, que estava treinando com o elenco em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

O Campeonato Chinês começaria no dia 21 de fevereiro, mas está suspenso por tempo indeterminado. Outros eventos esportivos também foram paralisados. A expectativa é de que o país volte a ter as competições partir de abril, mas pode não se confirmar. A Fórmula 1, por exemplo, adiou na semana passada o GP da China que aconteceria no dia 19 de abril.

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