Sem futebol, torcedores sofrem de 'abstinência da bola'

LeiaJá falou com fanáticos por futebol que estão saudosos do esporte mais praticado e assistido do mundo

por Alex Dinarte sex, 22/05/2020 - 15:00
Arquivo Pessoal O servidor público Igor Mendonça com a camisa do time do coração Arquivo Pessoal

O decreto de pandemia fez a bola parar de rolar nos campos de grande parte do planeta. Os adeptos do futebol estão saudosos das partidas, sejam elas nos torneios profissionais ou amadores. Mesmo que alguns clubes brasileiros ensaiem a volta aos treinos e países retomem seus torneios, como fez a Alemanha, as incertezas esfriaram o impeto de quem tem paixão pelo esporte mais popular do mundo.

Com mais de cinco décadas de arquibancada, a analista financeira Ivani Medrado, 59 anos, não aguenta mais ficar longe do seu Corinthians. Figura marcante no apoio ao alvinegro do Parque São Jorge desde a infância, Ivani lamenta a distância. "Além de não ver o maior de todos jogar, também de não vejo os amigos de arquibancada e isso tudo faz uma falta imensa", comenta. Para a corintiana matar um pouco da saudade, o jeito foi apelar para as reprises. "Para amenizar, as vezes assisto alguns jogos que tenho em casa e, no último domingo [17], matamos a saudades revendo o bi-mundial", destaca.

A analista financeira Ivani Medrado sente falta da arquibancada | Foto: arquivo pessoal

 A torcedora discorda de quem acha que a suspensão das partidas beneficiou seu time do coração que não vinha tão bem na tabela do Campeonato Paulista. "Corinthians para mim é sempre Corinthians, jogando bem ou mal", reverencia a apaixonada pelo Timão.

Sempre presente nas quadras e campos do futebol amador da região norte da capital paulista, o assistente contábil Waldemar Mattos, 40 anos, foi obrigado a deixar de lado as partidas das quais participa três vezes por semana. Conhecido no universo varzeano como Pupy, Mattos alega que está sentindo falta de bater uma bola. "O futebol já está inserido na rotina e essa ausência nos deixa órfão", lamenta.

Apaixonado pelo esporte, Pupy afirma que a disputa nunca se trata apenas do jogo, por isso é diferente. "Sempre foi o momento de liberar o estresse, encontrar amigos, tomar aquela cerveja gelada, viver sensações que só quem vive o futebol sabe o que nos proporciona", observa o boleiro. Atuante há pouco mais de três décadas no amadorismo, Pupy crê que as alterações de convivência devido ao surto do novo coronavírus devem impactar menos entre os não-profissionais, quando puderem retornar à prática. "No amador, o envolvimento é muito forte, mas abrange um menor número de pessoas. No profissional são várias questões inseridas e o impacto deve ser maior", considera.

O assistente contábil Waldemar Mattos após uma partida de futebol | Foto: arquivo pessoal

Outro fanático que lamenta a ausência da bola rolando é o servidor público Igor Mendonça, 39 anos. No convívio futebolístico desde o fim dos anos 1980, Mendonça não perde nada quando o assunto é futebol. "Sou do tipo que acompanha quase tudo, de programas televisivos e radiofônicos, além dos pré e pós jogos", cita. Torcedor do Corinthians e fã de campeonatos internacionais, como o inglês e o alemão, Mendonça sente saudades até das discussões acaloradas entre amigos. "Hoje, o debate é muito mais sobre as plataformas de streaming e suas infinitas opções de filmes/séries do que futebol", ressalta.

Mendonça está pessimista em relação ao retorno das partidas no Brasil. "Acredito que o calendário esportivo está morto em 2020 e sou totalmente contra qualquer tipo de medida adotada para o retorno do futebol ou qualquer outro esporte no país", opina. "Enquanto não vencermos o principal adversário, a Covid-19, não será possível pensar, tampouco, falar sobre a volta da modalidade", finaliza.

COMENTÁRIOS dos leitores