Torcidas organizadas pedem voto nas eleições de Pernambuco

Uniformizadas tentam alavancar candidaturas de vereadores no pleito desse ano

por Geraldo de Fraga qua, 02/09/2020 - 14:50
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo Uniformizadas tentam alavancar candidaturas de vereadores no pleito desse ano Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo

Em fevereiro desse ano, o juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública acatou a solicitação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) quanto a extinção compulsória das torcidas organizadas Jovem do Sport, Inferno Coral e Fanáutico. Com isso, ficou vedada a presença das torcidas organizadas nos estádios pernambucanos.

Porém, a decisão no MPPE ainda não teve repercussão na prática. Pouco tempo depois da ordem, a pandemia suspendeu o futebol em Pernambuco. Quando os jogos voltaram, foram realizados sem público, determinação que segue até agora. Além disso, as TOs ainda podem recorrer da proibição.

Fora dos estádios, no entanto, as confusões causadas por essas facções seguem no Recife. No dia 22 de agosto, integrantes da Jovem tentaram invadir os Aflitos, após a partida entre Náutico e Juventude. Três dias depois, essas duas torcidas organizadas promoveram uma briga na avenida Conde da Boa Vista, centro da capital pernambucana, que acabou em prisões.

Já na internet, as TOs seguem movimentando as redes sociais com postagens diversas para seus seguidores. E é nesse universo que elas retornaram a uma prática comum a cada dois anos em Pernambuco: as alianças políticas. Por exemplo, em um passado não muito distante, as torcidas apoiaram políticos como Antônio Luiz Neto, ex-presidente do Santa Cruz; Felipe Carreras (PSB), deputado federal; e Isaltino Nascimento (PSB), deputado estadual. Hoje, Jovem e Inferno Coral usam suas contas no Instagram para tentar alavancar pré-candidatos e vereadores em mandato em algumas cidades da Região Metropolitana do Recife. 

David Muniz (PSB), vereador do Recife em seu segundo mandato, é uma das lideranças que tem o apoio da Inferno Coral para tentar a reeleição. Segundo o parlamentar, a proibição das TOs é injusta. “A decisão judicial deveria punir os vândalos e não generalizar de forma que todos os torcedores fossem penalizados. Por trás das torcidas organizadas existem pessoas sérias e é por essas pessoas que me comprometi a lutar, para que de forma legal, elas possam voltar a frequentar os estádios”, disse.

O vereador não teme ser associado a atos de violência. “O que existem são pessoas que se escondem por trás da bandeira de um time para praticar vandalismo e por causa disso todos são penalizados, o que pra mim é uma injustiça. Eu não estou defendendo uma ‘torcida organizada’, estou defendendo o torcedor sério, que não gosta e nem age com baderna, não importa pra que time ele torça” completou.

David Muniz ainda garante que tentará reverter a situação. “Não posso me aprofundar sobre o assunto, mas há outras pessoas que pensam como eu e que também querem ajudar nessa ‘separação do joio e do trigo’, para que um não sofra por causa do erro do outro. Estamos estudando os meios que identificam e punem os baderneiros, sem envolver o torcedor sério, que sai da sua casa com sua esposa e filhos para assistirem um jogo como uma forma de lazer tão segura como outra qualquer”, afirmou.

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