Ninjutsu: arte marcial ninja conquista adeptos no Recife
Escola Shinden Kai Ninpo difunde a prática na capital pernambucana
Se você acredita que ninjas são lendas ou meros personagens da ficção, vai se surpreender. Capazes de surgir e desaparecer em segundos, furtivos, misteriosos, frios, calculistas, os 'shinobis', como eram chamados na época do Japão feudal, existem e estão entre nós. Mas claro, sem as figuras místicas que nos acostumamos a ver. A origem exata da arte do ninjutsu é desconhecida e existem várias versões sobre ela. O que se sabe é que o início foi uma época de muito conflito.
Sensei Elvis Aleluia prática o ninjutsu há mais de cinco anos. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens
Na história, os ninjas são tidos como “assassinos, mercenários” e acabaram virando algo, que segundo, o sensei Elvis Aleluia, da escola Shinden Kai Ninpo no Recife, é bem diferente da que foi ensinada a ele. A história traz ninjas como guerreiros que não “tinham a ética” dos samurais.
“Primeiro a gente precisa fazer uma reparação histórica, a maioria dos ninjas morreram, a gente perde muito historicamente falando se a gente não tiver documentos, e isso a gente tem poucos. A nossa escola tem 2, 3 documentos antigos que datam de 600 anos atrás”, revela.
“Esses ninjas que predispuseram a fazer as coisas antiéticas, as coisas que os samurais não faziam, me soam muito como as favelas do Rio de Janeiro. 90% são de pessoas boas, mas aqueles 10% que são do tráfico demonizam toda a comunidade”, completa.
Sensei conta que usa arte como projeto social, bem diferente do que representam nas telonas. Foto: Rafael Bandeira/ LeiaJá Imagens
Segundo ele, antes dos filmes, mangás e desenhos, as histórias eram contadas pelos próprios samurais e por isso eram vistos desta forma deturpada. Anos depois, corroboradas com os filmes como “Ninjas Assassino” e “Kill Bill". “Parte desse imaginário que o cinema cria tem um fundo de verdade. Não que o cara vá andar em cima da água, mas o cara tinha artifícios para boiar, para se evadir, não que fosse desaparecer, mas o ninja tinha essa expertise, essa ciência de onde se esconder, qual distração eu crio para fugir”, explica.
Mas apesar de se afastar do que é a realidade, o sensei vê que os filmes são uma forma de difundir a arte e até conta que foi uma das suas influências na infância, assim como seu pai. “A gente tem que tratar na tradição, tratar no tratamento técnico e trazer para a realidade”, continua. “Tem gente que chega aqui que quer invocar o Naruto”, brinca.
O “shinobi” ainda revela que os tradicionais ninjas japoneses, apesar de temer o desaparecimento da arte, ainda existem, mas são totalmente fechados e ele ainda brinca que falar disso pode ser perigoso.
Existem instituições fechadas pelo fato de não querer que a arte se deturpe, não querer perder a essência da arte. Existem famílias hoje no Brasil que tem a tradição ninja, mas não ensinam a ninguém. Não vão passar para “gaijins”, para não orientais.
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