Time de futebol feminino do Pará tem problema para treinar
Representante do Estado no Brasileirão A-2, Esmac interrompeu a preparação por causa da pandemia
A pouco menos de dois meses do início do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, o Brasileirão A-2, que equivale à série B, a Esmac, equipe de Ananindeua e atual campeã paraense, tem buscado encontrar caminhos para manter o foco nos treinos e encarar a competição, marcada para maio. Única representante paraense na disputa nacional, a Esmac teve que suspender a preparação por causa do decreto de lockdown do governo, medida tomada para conter a pandemia do novo coronavírus.
Cássia Gouvêa, preparadora física do time, disse que o decreto governamental interrompeu um planejamento de três meses. "Até chegamos a começar alguns testes e nossas atletas estavam treinando na academia”, disse. A preparação começaria em fevereiro e passaria por algumas fases: testes, pré-temporada e o período pré-competitivo e competitivo.
A Esmac tem no comando o treinador Mercy Nunes, com mais de 15 anos à frente do clube, nas modalidades de futsal e campo. Segundo ele, a equipe já havia feito os exames médicos e iniciado a preparação com trabalho de ganho de força. “Começamos em fevereiro. Com 10 dias, vieram os decretos que foram infelizmente paralisando as coisas e culminou com a suspensão total das atividades”, observou. Os trabalhos técnico e tático foram totalmente prejudicados para a segunda fase de preparação, declarou o treinador.
A preparadora Cássia Gouvêa explicou que as atletas recebem planilhas de treinos semanais, que devem ser realizados em casa, para não parar a preparação física. “É uma situação complexa, pois treinos em casa, por mais intensos que sejam, acabam não tendo como ganhar a resistência que buscamos ganhar dentro das quatro linhas”, assinalou.
Segundo Cássia, a maior dificuldade é manter as jogadoras motivadas, pois é natural a desmotivação causada pelo momento. Todas as atletas têm liberdade para procurar a comissão técnica, em qualquer situação, para receber o auxílio necessário, assegurou a preparadora.
A meio-campista Gislane Queiroz, de 27 anos, mais conhecida como Lora Capanema, iniciou no futebol por incentivo do pai e tem passagem pelo futsal. Ela já esta há nove anos no clube e destaca a união do grupo, apesar do momento difícil. “Todas precisam estar motivadas e com o mesmo propósito e cada uma dar o melhor de si”, ressaltou. Para ela, o papel da comissão técnica no diálogo e acompanhamento é fundamental. Além dos treinos, as meninas recebem mensagens de apoio e motivação semanalmente, disse Lora Capanema.
Clique no ícone abaixo e ouça entrevista da atleta Lora Capanema a Bruno Chaves.
A Esmac usará como trunfo para um bom desempenho no campeonato o tempo que as atletas jogam juntas, afirmou Lora. O time tenta há seis anos o acesso à série A-1 do futebol feminino.
Por Valdenei Souza.