Famosa por vender tamboretes cantando, Quinha pede ajuda

Com nome de artista e gogó afinado, a vendedora Ângela Maria pode parar fabricação de seus banquinhos de madeira por não ter material de construção. Ela precisa de madeira, pregos e tinta

por Eduarda Esteves | ter, 30/01/2018 - 09:27
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Ela já esteve nas manchetes de jornais locais, apareceu em programas de televisão com repercussão nacional, foi atriz de filme e ganhou fama depois de virar celebridade do YouTube. A vendedora pernambucana Ângela Maria da Silva, 50 anos, conhecida como “Quinha dos Tamboretes”, empurra diariamente seu carrinho de mão pelas ruas do Recife para vender banquinhos feito com madeira reciclável. Mas, ela não é só mais uma ambulante do trabalho informal recifense. Com nome de artista, Ângela Maria se destaca pelo carisma e talento.

Guerreira, muitas vezes com as pernas calejadas de tanto andar a pé, Quinha canta e todo mundo ao seu redor sorri. Quem costuma andar pelo centro da cidade conhece a voz dela de longe. “O tamborete só paga sete, olha...ainda serve pra sentar, pra conversar, pra namorar (...)”. E lá vem ela mais um dia, com seu carrinho personalizado com os dizeres “Kinha”, pintado nas laterais e com os tamboretes um por cima do outro, que duram pouco. Segundo ela, as vendas são rápidas porque as pessoas são cativadas com seu discurso.

As vendas são itinerantes. Quinha é moradora da Favela do Papelão, no bairro do Coque, centro do Recife, e todo o percurso das vendas é feito sem nenhum transporte além de suas pernas. Rosarinho, Bairro de São José, Encruzilhada ou Pina são os principais locais onde ela comercializa. 

Quinha dos Tamboretes começou a trabalhar aos nove anos de idade. Vendia tapiocas nas ruas da capital pernambucana. Na adolescência, fazia bijuterias e também comercializava. Aos 24 anos, ela teve o primeiro contato com os tamboretes. Na época, seu marido era o responsável pela venda, mas devido è falta de tino comercial, ele não cobrava dos compradores e Quinha decidiu assumir a função da venda. “Se tem uma coisa que sempre fiz foi observar muito. Eu percebia que os vendedores que ficavam quietos e tímidos, não chamavam atenção. Aí tive a ideia das músicas e foi sucesso”, contou.

Pregos, tinta, pedaços de madeira, espumas e tecido. Esses são as principais necessidades da vendedora, que constrói os tamboretes em sua casa de forma improvisada e artesanal. Às 6h, ela acorda, cuide de seus filhos e vai para rua vender seu produto. “Eu não posso ficar parada, sabe? Minha família também depende de mim e quero ter o meu dinheiro. Espero que as pessoas quando lerem essa reportagem doem madeira e me ajudem de alguma forma a continuar fazendo o que amo”, disse Quinha, emocionada.

Quinha encanta por onde passa. Carisma e gogó afinado fazem a exímia vendedora ser um sucesso nas ruas do Recife (Foto: Paulo Uchôa/LeiaJáImagens)

Apesar de ter ganho certa visibilidade midiática há alguns anos, principalmente na imprensa local, a vendedora nunca realizou seus sonhos de ter uma casa com mais estrutura e um ponto de comércio. Além disso, ela agora pode parar de trabalhar por falta de apoio e material.

Quinha não é só responsável por fabricar os seus banquinhos e vender. Ela também tem que procurar madeiras recicláveis nos lixões e nas esquinas do Recife. “Eu costumava ir em serrarias porque o lixo deles sempre tinha madeiras e restos que me serviam muito. Mas, ultimamente, não estou achando mais nada e por causa disso não consigo mais construir os bancos para ganhar o meu dinheiro do ganha pão”, lamenta.

Com dificuldades financeiras, Quinha faz um apelo às pessoas que possam ajudá-la. Ela diz que precisa continuar vendendo seus tamboretes, mas precisa dos materiais. Os interessados em doar madeiras, pregos, tintas, tecidos ou dinheiro podem entrar em contato com ela pelo telefone (81) 98505-8016. Ela não tem conta bancária, então é preciso encontrar com a vendedora pessoalmente. 

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