Sobreviventes do ebola criam anticorpos contra o vírus

Descoberta é considerada um primeiro passo para a produção de uma vacina eficaz para todas as variantes do vírus

por Nataly Simões qua, 11/07/2018 - 16:43

Uma pesquisa desenvolvida por cientistas de Madri, na Espanha, descobriu que os sobreviventes do ebola geram anticorpos capazes de identificar as partes vulneráveis do vírus e neutralizá-lo. A descoberta é considerada um primeiro passo para a produção de uma vacina eficaz para todas as variantes do ebola.

O pesquisador do Serviço de Microbiologia e do Instituto de Pesquisa do Hospital Universitário 12 de Outubro, Rafael Delgado, explica que o estudo faz parte de uma nova estratégia chamada "vacinologia reversa" que busca identificar antígenos vacinais contra alguns agentes. A estratégia consiste em descobrir quais são as áreas mais vulneráveis dos vírus, que geralmente estão na superfície – nas proteínas que o envolvem – e conseguir vacinas capazes de induzir os anticorpos a identificarem essas áreas.

Dessa forma, os pesquisadores demonstraram que em pacientes sobreviventes de ebola existem anticorpos especiais em proporção muito pequena, mas que reconhecem essas áreas escondidas e mais vulneráveis do vírus, presentes em todas as cinco variedades do ebola.

A expectativa é conseguir desenvolver uma vacina eficaz mas, segundo Delgado, os pesquisadores ainda estão nos primeiros passos, já que antes é necessário realizar pesquisas em ratos. A estimativa é de que os resultados fiquem prontos em um ano.

A estratégia está sendo utilizada também para avançar no desenvolvimento de uma vacina com eficácia mais prolongada para o vírus da gripe, e para outra contra o HIV, já que se demonstrou a existência de anticorpos igualmente protetores que reconhecem as regiões mais vulneráveis e escondidas do vírus. "Induzir a produção desses anticorpos mediante vacinas é agora o desafio da vacinologia no futuro", afirma Delgado.

A maioria das vacinas funcionam por sua capacidade de induzir a produção de anticorpos que reconhecem e neutralizam a superfície dos vírus, como é o caso das de sarampo e hepatite B. No caso do ebola, da gripe e do HIV, uma de suas barreiras é a variabilidade e a capacidade desses vírus para esconder as áreas mais vulneráveis de seu revestimento.

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