Campanha alerta para a prevenção do escalpelamento

Ministério Público do Trabalho (MPT) e Organização Internacional do Trabalho (OIT) destacam a importância da conscientização dos ribeirinhos sobre o risco de acidentes nos barcos que navegam pelos rios da Amazônia

sex, 17/08/2018 - 09:59

A data de 28 de agosto é registrada como o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento. Para chamar a atenção ao tema, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançaram este mês uma campanha nacional com o intuito de conscientizar e dar visibilidade à realidade de exclusão e violência enfrentadas pelas vítimas de escalpelamento.

Desde o dia 3, a campanha está nos perfis do MPT nas redes sociais, onde também será publicado, no próximo dia 28, um vídeo promocional com participação da atriz paraense Dira Paes.

O escalpelamento (escalpo – nome científico do couro cabeludo) é o arrancamento brusco e acidental do couro cabeludo de diversas formas, entre elas a partir do enrolamento dos cabelos nos eixos e partes móveis dos motores dos barcos. Esse tipo de acidente é bastante comum na Amazônia, onde as embarcações de pequeno porte (“rabetas” e “popopôs”) muitas vezes não possuem proteção nos motores, possibilitando o puxamento de cabelos de passageiros quando próximos. As consequências do acidente podem ser, além do arrancamento do couro cabeludo, a mutilação de orelhas, sobrancelhas e de parte da pele do rosto e pescoço, levando a deformações graves e até a morte.

Segundo dados da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), órgão pertencente à Marinha do Brasil, responsável pela segurança dos rios amazônicos, a maioria das vítimas de escalpelamento são do sexo feminino (93% dos casos), especialmente crianças (65% dos casos). As consequências do acidente são muito graves e variam conforme as áreas afetadas na ocorrência, como crânio, pálpebras, orelhas e face.

As principais sequelas incluem dores de cabeça ou cervicais crônicas, dificuldade na audição, fala e visão. Essas disfunções comprometem a qualidade de vida, o lazer e o emprego das vítimas, que muitas vezes ficam impossibilitadas de trabalhar.

Em novembro do ano passado, o MPT em Macapá realizou uma audiência coletiva sobre a inserção das vítimas de escalpelamento no mercado de trabalho amapaense. O evento, realizado na sede do Ministério Público do Estado, contou ainda com a presença da Associação das Mulheres Ribeirinhas e Vítimas de Escalpelamento da Amazônia e de várias associadas, cujos depoimentos ajudaram a mostrar a realidade dessas mulheres.

Na ocasião, foram debatidas questões referentes às dificuldades enfrentadas pelas vítimas do acidente no atendimento junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), bem como o preconceito que sofrem para admissão e permanência nos empregos. Uma carta compromisso foi assinada pelas entidades presentes, que se comprometeram a promover ou viabilizar o acesso ao mercado de trabalho, a qualificação profissional e admissão empregatícia das vítimas de escalpelamento, além de apoiar ações de prevenção e erradicação desse tipo de acidente, por meio da conscientização da população ribeirinha e da instalação de protetores nos motores, eixos e partes móveis de embarcações.

Da assessoria do MPT.

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