Camada de ozônio se recupera até 3% por década, diz ONU

Parte da camada que cobre o hemisfério norte deve se regenerar completamente na década de 2030, enquanto o buraco do hemisfério sul, que cobre a Antártida, deve desaparecer por volta dos anos 2060

ter, 06/11/2018 - 18:50
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A camada de ozônio, proteção da Terra contra os raios ultravioleta provenientes do Sol, está finalmente se recuperando do dano causado por sprays aerossol e refrigeradores. É o que diz um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado nesta segunda-feira, 5.

"É uma ótima notícia", disse Paul Newman, um dos autores do estudo e geocientista chefe no Goddard Space Flight Center, da Nasa. "Se as emissões de substâncias nocivas à camada de ozônio tivessem continuado a crescer, estaríamos sentindo efeitos enormes. Nós conseguimos parar isso."

O ozônio presente na atmosfera terrestre protege o planeta da radiação ultravioleta, que pode causar câncer de pele, enfraquecer o sistema imunológico humano e provocar dano às colheitas, entre outros problemas. Produtos químicos do tipo clorofluorcarbono (CFC), que já foram amplamente utilizados na fabricação de ar condicionado, gás de geladeira, aerossóis, espumas plásticas e solventes, são responsáveis pela destruição da camada. Em 1987, quase 200 países de todo o mundo assinaram o Tratado de Montreal - compromisso de reduzir gradativamente e, eventualmente, extinguir o uso do CFC. Desde 1999, o composto é banido no Brasil.

Como resultado dessa política, a parte da camada que cobre o hemisfério norte deve se regenerar completamente na década de 2030, enquanto o buraco do hemisfério sul, que cobre a Antártida, deve desaparecer por volta dos anos 2060. O estudo foi divulgado em conferência da ONU realizada em Quito.

No final da década de 1990, cerca de 10% na parte superior da camada de ozônio estava deteriorada. Desde 2000, entretanto, a camada tem crescido de 1 a 3% por década, diz o relatório. Neste ano, o buraco sobre o polo sul chegou a medir 24,8 km² - aproximadamente 16% menos do que o recorde de 29,6 km² registrado em 2006. Newman diz que, caso o mundo não tivesse se alertado quando ao estreitamento da camada de ozônio, ela teria sido destruída em dois terços até 2065.

Mas o sucesso da política de redução dos CFC, ainda é relativo. Para o pesquisador Brian Toon, da Universidade do Colorado (EUA), estamos só no ponto de partida da recuperação da camada. Além disso, uma nova tecnologia detectou o crescimento das emissões de um CFC banido no leste asiático, segundo o relatório da ONU.

Aquecimento global

Os avanços são registrados pouco depois do lançamento de um informe do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), que concluiu que "só restam doze anos para limitar o aquecimento global em 1,5 °C" e que um maior aumento nas temperaturas globais causará um impacto cada vez mais extremo na vida humana e nos ecossistemas", adverte o mesmo comunicado.

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