Nova espécie de sapo miniatura é descoberta na Venezuela
Trabalho de campo durou vários anos e para a descrição da espécie foram necessárias fotografias, análises de gravações de suas vocalizações e uma comparação minuciosa com as outras 19 espécies
Pesquisadores venezuelanos descobriram uma espécie de sapo endêmica, cuja sobrevivência está ameaçada pelo desmatamento e destruição de seu habitat.
O pequeno animal vive nas florestas da Serra de Aroa, no norte do estado de Yaracuy, e recebeu o nome de Mannophryne molinai, em reconhecimento póstumo a Cesar Molina (1960-2015), um herpetologista venezuelano que dedicou sua vida a trabalhar com anfíbios e répteis.
É um "sapo de colar (por uma faixa preta na garganta); os maiores indivíduos atingem apenas 2,5 centímetros", explicou à AFP Miguel Matta, coautor da pesquisa. As fêmeas são ligeiramente maiores que os machos.
As cores nas costas são uma mistura de marrom, cinza e verde escuro. A barriga dos machos é branca e sua garganta é acinzentada; as fêmeas apresentam uma coloração ventral mais colorida, com a garganta amarela e o colar preto mais marcado, e barriga branca parcialmente tingida de amarelo, segundo Matta.
Outra característica é o som que os machos emitem, "consistindo de séries extensas de notas individuais", acrescentou.
Embora presuma-se que a sua distribuição seja mais extensa nas montanhas, até agora sua presença só foi detectada em um ponto chamado de Rondona.
Os primeiros exemplares de Mannophryne molinai foram encontrados em 2012 em um riacho na área. No início pensava-se que se tratava de uma outra população de Mannophryne herminae, amplamente distribuída nas montanhas da costa da Venezuela, mas as dúvidas persistiram.
Como as espécies desse gênero são difíceis de diferenciar, "foram necessárias mais pesquisas para garantir que se tratava de uma espécie não descrita", explicou Matta.
O trabalho de campo durou vários anos e para a descrição da espécie foram necessárias fotografias, análises de gravações de suas vocalizações e uma comparação minuciosa com as outras 19 espécies conhecidas do gênero Mannophryne.
A pesquisa foi publicada na revista científica Zootaxa.
Matta, da Universidade Central da Venezuela, e os herpetólogos Enrique La Marca, da Universidade de Los Andes, e Fernando Rojas-Runjaic, do Museu de História Natural La Salle, lideraram o estudo.
Com este achado, há 20 espécies do gênero Mannophryne identificadas, 18 endêmicas das montanhas do norte da Venezuela.
Metade corre risco de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).