Juiz relata a jovens experiência em vara de homicídios
Cláudio Rendeiro falou para crianças e adolescentes da Escola de Samba da Matinha, em Belém, e apresentou o personagem humorístico Epaminondas Gustavo
Humor e conscientização foi o que embalou os integrantes da Escola de Samba da Matinha, no encerramento da série de rodas de conversas do projeto Ninho da Coruja, a Criança e o Adolescente Têm Direito de Sonhar, realizadas pela Comissão de Combate Infantil do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8). O evento ocorreu na noite de quarta-feira (16), no barracão da Escola de Samba, no bairro de Fátima, em Belém.
O juiz de Direito Cláudio Rendeiro, da 4ª vara do Júri, foi o convidado para fazer o encerramento das rodas de conversa no barracão da Escola de Samba. O juiz compartilhou suas experiências com os jovens e adolescentes. “Falei um pouco sobre a mudança de paradigma, a necessidade do jovem, da criança de ter atitude e não acreditar naquele paradigma que é definido para ele, mas, através de atitude, poder mudar e ser um transformador da própria realidade dele. Falei da importância de focar nos estudos, focar naquela atitude de querer mudar aquela realidade e não se conformar”, disse o juiz, que afirmou ter trabalhado durante a infância.
Cláudio Rendeiro agradeceu o convite. “Foi interessantíssima essa roda de conversa com a comunidade. Embora o personagem Epaminondas já esteja envolvido na Escola, ele vai sair à frente de uma Ala, vai falar do sorriso, acredito que esse convite que fizeram ao juiz para que eu falasse um pouco sobre a minha experiência numa Vara de homicídios, onde os homicídios são sempre de pessoas tão novas, e esta mostrando para eles essa realidade, foi muito válido”, afirmou.
O juiz também faz o personagem humorístico Epaminondas Gustavo, que arrancou risos dos que estavam presentes e parabenizou o projeto. “Primeiro quero parabenizar a Escola por ter abraçado esse tema, isso já é uma mudança de paradigma, uma Escola de Samba, pela primeira vez no Brasil, abraçar um tema de cidadania como é o Combate ao Trabalho infantil”, afirmou.
Para Zuíla Dutra, desembargadora Federal do TRT8, o evento foi encerrado repleto de muita emoção. “Para nós é muito emocionante porque vamos levar um assunto muito sério a debate, que é o trabalho infantil, a exploração de crianças e adolescentes, que provoca seríssimos problemas na vida dessas criaturas, mas também na vida de toda a sociedade. Então, esse debate é fundamental para esclarecer a todos que o trabalho infantil existe, é uma gravíssima chaga social, que existe desde o descobrimento do Brasil, porque as primeiras caravelas que chegaram ao Brasil vieram carregadas de crianças trabalhadoras. Muita gente acha isso normal, vê com naturalidade, mas não é. Nós não podemos naturalizar aquilo que provoca mal à sociedade”, disse a desembargadora.
Vanilza Macher, juíza do TRT8, gestora do projeto, disse que as ações na Escola de Samba tiveram total êxito. “Nós não poderíamos ter encerrado melhor, com a alegria do Epaminondas Gustavo, com a experiência do juiz Cláudio Rendeiro, que trouxe a temática muito importante da questão da atividade ilícita, da experiência dele com cárcere, isso é muito importante discutir com os jovens. Quando ele fala que a quantidade de homicídios envolve jovens de 19, 20 anos, jovens que estão se matando por uma questão que não é deles, eles são envolvidos nessa realidade. Então isso foi perfeito. Incentivar, estimular os jovens e os adolescentes a terem atitudes, isso é importante”, disse a juíza.
Rodolfo Trindade, presidente da Escola de Samba, disse que o objetivo foi alcançado. "Estou encantando com esse enredo que vamos levar para o carnaval", afirmou.